Aos 17 anos, a estudante Isabelly da Silva Vaz convive com a doença celíaca desde os 9. Moradora do bairro Assunção, em São Bernardo, ela lembra com clareza do diagnóstico difícil e do impacto imediato em sua rotina. “Fiquei 40 dias internada, fizeram até parecer que era psicológico. Desde pequena sempre tive sintomas como dor abdominal, estufamento, vômitos e diarreia. Fiz a endoscopia com biopsia e aí foi constatado”, relata. A partir daquele momento, qualquer traço de glúten em sua alimentação passou a representar risco.

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Além da restrição alimentar, para Isabelly um dos principais obstáculos é o custo. “Hoje em dia é mais fácil encontrar produtos sem glúten nos mercados, mas os preços são absurdos. Uma bolacha de água e sal custa quase R$ 30”, desabafa.

A doença celíaca é uma condição autoimune em que o organismo reage de forma anormal ao glúten, proteína presente no trigo, cevada e centeio, causando inflamação e danos à mucosa do intestino delgado. “A inflamação crônica se não tratada pode aumentar o risco de desenvolvimento de tumores e outras condições graves”, alerta o médico gastroenterologista Lucas Nacif.

O especialista reforça a importância de seguir a dieta.“A base do tratamento é a exclusão total do glúten da alimentação. Isso significa evitar alimentos que contenham trigo, cevada, centeio e, em alguns casos, até mesmo aveia, devido ao risco de contaminação cruzada”, reforça o especialista.


A contaminação cruzada ocorre quando um alimento sem glúten entra em contato com outros que o contêm. “Já passei mal só porque o queijo que meu pai fez encostou no pão de alho”, conta Isabelly.

Por causa disso, ela evita comer fora de casa. “Como antes de sair. Em festas, levo marmita.” Apesar das limitações, ela mantém o bom humor. “O pior alimento sem glúten que já comi foram aquelas bolachinhas de arroz. Parecem isopor! Mas minha mãe faz um bolo que todo mundo jura que tem glúten. É o meu favorito da vida.”

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NÚMEROS

Só na Grande São Paulo, de janeiro a março de 2025, foram registrados 26 procedimentos clínicos ambulatoriais e 23 internações relacionadas à doença. Em 2024, os números foram ainda mais altos: 101 atendimentos e 187 internações, de acordo com os dados da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. 

Em São Caetano, 12 pessoas, a maioria crianças, recebem acompanhamento médico, enquanto em São Bernardo, 31 pessoas diagnosticadas com doença celíaca realizam acompanhamento. Diadema, por sua vez, registrou 18 atendimentos de junho de 2024 a junho de 2025, todos em Unidades Básicas de Saúde. Santo André não possui dados de pacientes. As outras prefeituras não responderam até o fechamento desta edição. 

No Brasil, cerca de dois milhões de pessoas têm a doença estima a Fenacelbra (Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil). A maioria não tem diagnóstico.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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