Convidado do “Crossfire”, programa da CNN Portugal, o líder socialista manifestou ainda uma certeza absoluta: “Era só o que faltava que estes casos todos que têm sido imputados ao primeiro-ministro o beneficiassem e não o prejudicassem”

“Onde é que, do ponto de vista de política concreta, se pode dizer que Pedro Nuno Santos é um radical? Não conseguem encontrar um único exemplo.” Entrevistado no “Crossfire” desta segunda-feira à noite, o secretário-geral do Partido Socialista respondeu com este desafio a todos os que o acusam de representar a ala mais esquerda e radical do partido.

Lembrando que viabilizou a eleição do presidente da Assembleia da República (Aguiar-Branco) – “que me maltrata” -, que aprovou o programa do Governo e chumbou duas moções de censura (Chega, PCP), Pedro Nuno Santos não tem dúvidas: “Com seriedade, ninguém pode dizer que eu sou radical”. “É ridículo” quem diz isso, sublinhou – e reafirmou que não teve nenhuma atitude radical, nem mesmo quando o recordam que foi o responsável pela nacionalização da TAP. “Qual nacionalização? Era ou a empresa fecha ou a empresa existe, não há cá ímpeto revolucionário nenhum e a decisão nem sequer foi minha, foi de um Governo inteiro. Peguei numa empresa que estava falida e deixei-a dar dinheiro – a TAP e, já agora, também a CP.”

Entrevistado pelo jornalista João Póvoa Marinheiro e pelos comentadores Rui Calafate e Anabela Neves, o líder do PS afirmou que está confiante na vitória do Partido Socialista nas eleições legislativas de 18 de maio e, se por acaso o PS vencer se maioria absoluta, espera que o PSD lhe dê condições para governar – tal como, diz, o PS fez no ano passado a Luís Montenegro.

Mas mantém um segredo: não revelou se vai continuar à frente do partido em caso de derrota. “Só trabalhamos com um cenário de vitória”, justificou-se. Mas admitiu que é uma pergunta que o vai “acompanhar” nas próximas semanas. 

Outro segredo: também não quis adiantar quem vai fazer parte das listas do PS para as legislativas e se estas vão ou não contar com candidatos às autárquicas – essa é uma decisão que vai ser revelada mais tarde, disse. “Eu nunca anunciei uma decisão do PS sobre isso, portanto não chega a haver uma inversão”, sublinhou. 

Mas concordou com Rui Calafate quando este disse que as eleições da Madeira foram “um desastre” para o PS e que o grande responsável foi Paulo Cafôfo: “E nem sequer foi a primeira vez, nem a segunda”, corroborou Pedro Nuno Santos.

“Era só o que faltava que isto beneficiasse Luís Montenegro”

No “Crossfire”, Pedro Nuno Santos voltou a apresentar a argumentação que já lhe conhecemos sobre a rejeição da moção de confiança apresentada por Luís Montenegro: “O Partido Socialista deu todas as condições para Luís Montenegro governar, aprovou-lhe um orçamento, chumbou duas moções de censura e, portanto, Luís Montenegro não se pode queixar do Partido Socialista, só se pode queixar mesmo de si próprio”, afirmou.

“Quem provocou a crise no pais não foi o Partido Socialista, foi Luís Montenegro que decidiu apresentar a moção de confiança. A instabilidade tem de ser imputada ao primeiro-ministro.” Pedro Nuno Santos sublinha que “Luís Montenegro desbaratou a oportunidade que os portugueses lhe deram para governar – e desbaratou-a num ano”.

Sobre as eleições que se avizinham, está confiante de que os eleitores vão castigar Luís Montenegro: “Aquilo que eu sei é que estas últimas semanas não fizeram bem ao primeiro-ministro e por isso hoje está pior do que estava há dois meses. A dimensão da ética não pode ser desvalorizada, a forma de estar na vida, de estar na política. Num ato eleitoral votamos projeto e liderança – são duas faces da mesma moeda – e eu não tenho a menor dúvida de que estas últimas semanas tiveram consequências na forma como os portugueses se relacionam e veem Luís Montenegro”.

Perante as dúvidas colocadas pelos entrevistadores, indignou-se. “Quem está numa posição difícil é o primeiro-ministro. Não vamos virar o mundo ao contrário”, reagiu. “Era só o que faltava que estes casos todos que têm sido imputados ao primeiro-ministro o beneficiassem e não o prejudicassem.”

“É um líder que tem sobre si um manto de suspeição, que não desaparece com um ato eleitoral. Aliás, se tivermos o azar de termos uma vitória de Luís Montenegro, iríamos continuar a ter um primeiro-ministro a ter um manto de suspeição sobre si e isso sim é que seria um fator de instabilidade.”

Invoca Lili e Geirinhas para justificar que se solta

A socialite Lili Caneças comentou nas redes sociais que “este homem parece que está sempre a ralhar”. Este homem = Pedro Nuno Santos. O líder socialista voltou ao tema: diz que tem consciência que talvez passe essa imagem, mas não considera que isso signifique falta de empatia.

“Empatia é quando nós temos a capacidade de sentir o problema dos outros e agir em conformidade.” Para o líder do PS, o primeiro-ministro revelou falta de empatia no modo como desvalorizou a crise do INEM, por exemplo.

Por outro lado: “Os problemas do pais são sérios, não são para gargalhadas, e temos de falar deles com seriedade”, justificou. “Isso não quer dizer que eu não possa ter mais sorrisos. É possível termos um registo mais solto, mais confortável” e recordou a entrevista com “Guilherme Geirinhas durante a campanha do ano passado”, em que teve oportunidade de mostrar um outro registo, “mais solto”. “Mas quando estou no combate político levo o combate a sério.”

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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