

Publicado em 15/04/2025 às 22:18
Fenômeno raro intriga cientistas e pode ajudar a entender melhor os mecanismos por trás das explosões rápidas de rádio (FRBs)
Um sinal misterioso vindo de uma galáxia distante está intrigando cientistas. Pela primeira vez, uma rajada rápida de rádio (FRB) foi observada com um padrão fixo e previsível: ela pulsa a cada 16 dias. A descoberta pode ser uma pista importante para entender a origem desse fenômeno cósmico ainda sem explicação.
Descoberta incomum no espaço profundo
As FRBs foram detectadas pela primeira vez em 2007. Desde então, esses pulsos curtos e intensos de ondas de rádio têm desafiado a compreensão dos astrônomos.
Algumas rajadas acontecem apenas uma vez, enquanto outras, chamadas de repetidoras, voltam a emitir sinais após algum tempo. Mas até agora, nenhuma delas havia apresentado um ciclo repetitivo claro.
Entre setembro de 2018 e outubro de 2019, pesquisadores do Projeto de Rajadas Rápidas de Rádio do Experimento Canadense de Mapeamento da Intensidade do Hidrogênio (CHIME/FRB) monitoraram um sinal específico.
Batizada de FRB 180916.J0158+65, essa fonte apresentou um comportamento nunca antes registrado: os pulsos ocorrem durante quatro dias, somem por 12 e retornam, totalizando um ciclo de 16,35 dias.
Localização conhecida, origem ainda não
O sinal vem da galáxia SDSS J015800.28+654253.0, localizada a cerca de 500 milhões de anos-luz da Terra. É a FRB mais próxima já registrada.
Apesar da localização ter sido identificada, a origem exata do fenômeno segue sendo um mistério para os cientistas.
Os pesquisadores divulgaram suas observações em janeiro, em uma publicação no servidor de pré-impressão arXiv.
Para eles, esse comportamento periódico oferece uma nova janela de estudo sobre a natureza das FRBs.
Possíveis explicações para o padrão
Uma das hipóteses levanta a possibilidade de que o sinal seja influenciado por seu ambiente. Uma das teorias sugere que a fonte da rajada pode orbitar um objeto compacto, como um buraco negro. O sinal só seria enviado em uma parte específica de sua órbita.
Outra possibilidade envolve um sistema binário, formado por uma estrela de nêutrons e uma estrela muito massiva.
Nesse caso, a estrela de nêutrons geraria os sinais, mas eles seriam periodicamente bloqueados pelos ventos estelares da companheira.
Há ainda a ideia de que magnetares — estrelas de nêutrons com campo magnético extremamente forte — sejam os responsáveis. Mas isso entra em conflito com o ciclo de 16 dias, já que os magnetares costumam girar muito mais rápido.
A equipe do CHIME/FRB segue monitorando a FRB 180916.J0158+65. Eles esperam detectar outros sinais com comportamento semelhante em diferentes regiões do universo. A repetição desse padrão em outras FRBs pode ajudar a resolver um dos maiores enigmas da astronomia moderna.