

Nosso Sol continua a surpreender cientistas com suas manifestações colossais de energia. Recentemente, uma erupção solar excepcionalmente rara, conhecida como ejeção de massa coronal (CME, na sigla em inglês), foi observada viajando a mais de três mil quilômetros por segundo (10.800.000 km/h), o equivalente a mais de 1% da velocidade da luz. Esses eventos impressionantes são como explosões de plasma que o Sol arremessa ao espaço, e, felizmente, a Terra não estava no caminho dessa tempestade solar.
O misterioso lado oculto do Sol
Astrônomos acreditam que um grupo de manchas solares particularmente ativo está se formando no lado oposto do Sol, invisível da Terra. Essas manchas, que são áreas temporárias mais frias na superfície solar, têm sido a fonte de uma intensa atividade nos últimos dez dias. Nesse período, quatro CMEs foram registradas saindo do lado oculto do Sol, e uma delas se destacou pelo seu comportamento fora do comum.
Essa ejeção foi classificada como “extremamente rara” por sua velocidade épica e por ocorrer com menos frequência do que uma vez a cada dez anos. A última ocorrência semelhante foi em março de 2023, também direcionada para longe da Terra.
A potência de uma tempestade solar extrema
Em 17 de dezembro, a CME mais recente foi registrada como um halo completo, expandindo-se rapidamente em torno do Sol. A 3.161 quilômetros por segundo, ela teria alcançado nosso planeta em meras 18 horas, enquanto a maioria das CMEs leva dias. Dr. Ryan French, um físico solar, destacou que, se essa CME estivesse direcionada para a Terra, poderia ter provocado uma tempestade geomagnética das mais intensas das últimas décadas.
Mas o que uma tempestade geomagnética pode causar? Além de auroras espetaculares em latitudes mais baixas, como as vistas em maio deste ano, também poderíamos enfrentar falhas nas redes elétricas, danos a transformadores e maior arrasto nos satélites, com riscos significativos para a tecnologia global.
Lições do passado: o evento Carrington
O episódio mais severo registrado foi o “Evento Carrington” de 1859, que causou danos massivos e mostrou o impacto potencial de uma tempestade solar extrema. Segundo estimativas da NASA em 2008, um evento semelhante hoje deixaria até 130 milhões de pessoas sem energia apenas nos Estados Unidos, comprometendo o abastecimento de água, alimentos perecíveis e serviços essenciais em poucas horas. O custo de uma catástrofe desse nível seria astronômico, entre US$ 0,6 e 2,6 trilhões (cerca de R$ 2,9 a 12,6 trilhões).
Proteção e monitoramento: o papel da ciência
Graças às missões da NASA e da ESA, como o Solar and Heliospheric Observatory (SOHO), conseguimos monitorar essas ejeções solares em tempo real. A observação detalhada das CMEs ajuda a prever e mitigar os impactos potenciais. Embora seja improvável que um evento como o Carrington ocorra com frequência, o preparo é fundamental para evitar danos catastróficos ao nosso modo de vida dependente de tecnologia.
E se a Terra estivese no caminho dessa última explosão solar?
Se a Terra estivesse diretamente no caminho de uma ejeção coronal solar como a recente, as consequências poderiam ser dramáticas e de grande impacto global. Esses eventos são como explosões massivas de plasma solar, que, ao interagir com o campo magnético da Terra, podem desencadear tempestades geomagnéticas intensas. Aqui está um detalhamento do que poderia ocorrer:
Interferência Tecnológica e Falhas em Redes Elétricas
Uma tempestade geomagnética severa poderia causar falhas em redes elétricas em escala regional ou até global. Transformadores poderiam ser danificados, provocando apagões de longa duração. Além disso, satélites poderiam sofrer avarias ou até mesmo serem inutilizados devido ao aumento do arrasto na atmosfera superior, causado pelo aquecimento e expansão do ar.
Efeitos em Comunicação e Navegação
As comunicações via rádio e sistemas de navegação por GPS seriam significativamente prejudicados. Isso impactaria aviação, operações militares, transporte marítimo e até serviços essenciais como ambulâncias e bombeiros.
Auroras em Locais Inesperados
Auroras espetaculares, normalmente restritas a altas latitudes, seriam vistas em locais muito mais ao sul, criando um espetáculo visual em regiões onde essas luzes são raras.
Impactos Econômicos
Um evento comparável ao “Evento Carrington” de 1859 poderia causar prejuízos trilionários. Em um mundo dependente de tecnologia, o custo de restaurar infraestruturas críticas seria altíssimo, além de afetar a economia global devido a interrupções nos sistemas de transporte, energia e comunicação.
Lições e Prevenção
Apesar do potencial destrutivo, a ciência moderna oferece ferramentas para mitigar riscos. Missões espaciais, como o SOHO, permitem monitorar o Sol e prever eventos solares com antecedência. Isso dá tempo para preparar as redes elétricas, proteger satélites e alertar populações sobre possíveis interrupções.
Embora uma ejeção dessa magnitude seja rara, sua ocorrência não é impossível. Por isso, o monitoramento contínuo e o investimento em infraestrutura resiliente são cruciais para reduzir os danos de possíveis tempestades solares extremas.