Pesquisadores da Universidade de Marselha, na França, revelaram indícios de contaminação por cobre no porto de Wadi al-Jarf, que desempenhou um papel fundamental durante a construção da Pirâmide de Quéops, no Egito. O estudo indica que os trabalhadores responsáveis pela construção das pirâmides podem ter sido expostos a altos níveis de contaminação por cobre, potencialmente causando intoxicações ao longo do tempo.
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O estudo, publicado na revista Geology, analisou sedimentos coletados no antigo porto de Khufu, revelando evidências de intensa atividade metalúrgica na região há mais de 4.500 anos. Os cientistas descobriram que concentrações altes de cobre e arsênio nos sedimentos indicam um ambiente altamente contaminado, resultado do uso de metais em larga escala durante a construção das pirâmides.
“O nível de contaminação por cobre observado no local é significativamente alto e sugere uma exposição prolongada dos trabalhadores a metais pesados”, explica o pesquisador principal, G. Younes. “Sabemos que a intoxicação por cobre pode causar sintomas graves, como náusea, problemas respiratórios e danos neurológicos.”
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O cobre, essencial para ferramentas e ornamentações da época, era amplamente manipulado, gerando partículas metálicas que se acumulavam no solo e na água. Segundo os pesquisadores, essas partículas podem ter sido inaladas ou ingeridas pelos trabalhadores, causando problemas de saúde.
Além do cobre, a presença de arsênio nos sedimentos reforça a hipótese de exposição tóxica. Esse elemento era frequentemente associado a ligas metálicas na antiguidade e pode ter potencializado os efeitos nocivos sobre a saúde dos operários.
A pesquisa também revelou que as maiores concentrações de cobre coincidem com os períodos de atividade intensa na planície de Gizé. Isso sugere que os trabalhadores estavam em contato direto com materiais contaminados durante a construção dos monumentos.
Segundo os pesquisadores, a descoberta lança uma nova perspectiva sobre as condições de trabalho nos grandes projetos arquitetônicos do Egito Antigo. Até então, a maioria dos estudos se concentrava no esforço físico exigido para erguer as pirâmides, mas agora há evidências de que a exposição a metais pesados pode ter sido outro desafio enfrentado pelos trabalhadores.
Embora ainda sejam necessárias mais investigações para determinar os impactos exatos na saúde dessas populações, os cientistas acreditam que a contaminação por metais pode ter sido um risco ocupacional significativo na antiguidade. A expectativa é que futuras escavações e análises laboratoriais possam aprofundar o entendimento sobre os efeitos dessa contaminação na saúde dos construtores das pirâmides.