Fenómeno solar que iluminou o Hemisfério Norte com auroras boreais não atingiu o pico que estava previsto e já está em fase de declínio

O Reino Unido emitiu um alerta esta quarta-feira para a possibilidade de uma “tempestade canibal” atingir a Europa, num fenómeno solar capaz de provocar perturbações em sistemas de comunicações e GPS. O diretor do Observatório Geofísico e Astronómico da Universidade de Coimbra, Ricardo Gafeira, esclarece à CNN Portugal que o ponto principal já passou, não tendo atingido a dimensão que se chegou a prever.

“Tendo em consideração todos os dados que estamos a recolher em tempo real, o máximo da tempestade até já ocorreu, não atingiu o pico que inicialmente se pensava que ocorreria”, afirma Ricardo Gafeira.

Segundo o especialista, esta tempestade solar não chegou à intensidade prevista e não há qualquer risco de apagões elétricos ou falhas significativas nas redes de energia. Ainda assim, Ricardo Gafeira alerta que fenómenos desta natureza podem ter consequências relevantes: “Existe o potencial deste tipo de tempestades solares criarem perturbações muito significativas, como em sinais de GPS ou outros sistemas de navegação, e ainda danificar de forma significativa as redes elétricas”.

O termo “tempestade canibal” tem que ver com a forma como este fenómeno se originou. Trata-se de um evento em que várias explosões solares consecutivas se combinam, aumentando a sua intensidade.

“Esta tempestade foi particular porque teve origem em três explosões consecutivas em que, no fundo, o efeito dessas explosões foi-se multiplicando umas com as outras.” Ou seja, chama-se “tempestade canibal” porque é uma tempestade que “absorve as outras que estão à frente”. 

Estas tempestades geomagnéticas são causadas por atividade solar em interação com o campo magnético da Terra, o que tem implicações nas infraestruturas de energia e de navegação em todo o mundo, de acordo com o Serviço Geológico Britânico (BGS). Essa interação possibilitou que fossem vistas auroras boreais pelo Hemisfério Norte, incluindo em algumas zonas de Portugal.

Ricardo Gafeira sublinha que há uma certa periodicidade nestes fenómenos associados aos ciclos de atividade solar, recordando que auroras boreais já foram observadas em Portugal em ocasiões anteriores. No entanto, considera improvável a repetição deste tipo de tempestade a curto prazo, uma vez que “já estamos na fase de declínio do pico de atividade solar”. 

O Observatório Geofísico e Astronómico da Universidade de Coimbra, em colaboração com parceiros internacionais, continua a monitorizar o comportamento solar em tempo real, garantindo que alertas são emitidos atempadamente sempre que há risco de impacto significativo na Terra.  

Quanto à saúde, o investigador garante que não há motivo para preocupação. Apenas os astronautas precisam de medidas de precaução: “Na nossa saúde, só pode ter impacto para quem tiver a sorte de conseguir ir para o Espaço. Para utilizadores de pacemakers não há qualquer tipo de influência, não há registos de que tenha causado alguma falha por este sistema”. 

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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