Após a ceia de Natal, encarar a pilha de louça pode parecer assustador. Pratos, talheres, copos e vasilhas sujos se acumulam, e muitos optam por deixar a limpeza para o dia seguinte, afinal, o trabalho de preparar a comida e organizar a mesa já foi grande.
No entanto, especialistas alertam que essa prática pode trazer riscos à saúde. Um estudo realizado em 2019 por cientistas da Universidade Metropolitana de Cardiff analisou superfícies de cozinha em 46 casas do Reino Unido e identificou que as maiores concentrações de bactérias estavam justamente em pias e torneiras.
De acordo com os pesquisadores, isso acontece porque essas superfícies entram em contato frequente com alimentos crus e mãos sujas, além de permanecerem úmidas, criando um ambiente ideal para a proliferação de bactérias.
Entre as principais espécies de bactérias encontradas estavam Enterobacter cloacae (52% das cozinhas), outras espécies de Enterobacter (26%), Klebsiella pneumoniae (24%), Escherichia coli (20%), Pseudomonas aeruginosa (15%), Bacillus subtilis (57%), Staphylococcus spp. e Micrococcus spp.
A E. coli e o Staphylococcus são conhecidos por causarem doenças, como intoxicações estomacais, sendo os mais populares entre o público por seu potencial patogênico.
A situação se agrava se os pratos com restos de comida forem deixados em água morna, ambiente propício para o crescimento bacteriano.
“Se os objetos ficarem imersos em uma piscina de bactérias nocivas, fica mais difícil eliminar todas as bactérias durante o processo de limpeza”, explica Brian Labus, professor associado de epidemiologia e bioestatística da Escola de Saúde Pública da Universidade de Nevada, à Reader’s Digest.
Labus complementa: “Ambientes secos podem impedir o crescimento de bactérias, mas isso não significa que elas não possam sobreviver e se multiplicar posteriormente. E se você deixar alimentos expostos, isso pode atrair insetos que podem espalhar bactérias para o resto da sua cozinha”.
Outro estudo, de 2003, avaliou como bactérias causadoras de intoxicação alimentar — como Salmonella, Campylobacter e E. coli — se comportam em diferentes métodos de limpeza, envolvendo variáveis como temperatura da água (47–60 °C), quantidade de detergente, presença de matéria orgânica e secagem.
A principal conclusão foi que algumas bactérias podem sobreviver à lavagem e secagem convencionais. O estudo mostrou que até mesmo máquinas de lavar louça elétricas nem sempre eliminam todos os microrganismos nocivos de pratos, tigelas e talheres.
Segundo os pesquisadores, a forma mais segura é utilizar uma máquina de lavar louça com opção de vapor superaquecido, capaz de higienizar os utensílios por pelo menos 25 segundos.
Outra recomendação é lavar a louça o mais rápido possível, evitando o acúmulo de restos de comida e utensílios. Caso isso não seja possível, é fundamental desinfetar a pia regularmente, especialmente durante as festas de fim de ano.
“Limpe a pia com água e sabão e, em seguida, utilize um spray antibacteriano ou água sanitária. Não enxágue imediatamente o produto — deixe-o agir por tempo suficiente para eliminar as bactérias”, orienta Labus.
