Imagem: Voluntários em ação | Divulgação CBVE
O engajamento dos brasileiros em ações voluntárias vem crescendo no país. Mas, como as empresas estão contribuindo para incentivar o voluntariado corporativo, um dos pilares das ações de ESG das grandes companhias hoje, para atender às demandas urgentes da nova realidade mundial, diante das mudanças climáticas? De acordo com um levantamento realizado pelo CBVE (Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial), rede de empresas, institutos, fundações e confederações, o investimento das empresas em programas de voluntariado aumentou mais de 35% desde 2021.
O impacto da participação de redes de voluntariado também chamou atenção durante as enchentes do Rio Grande do Sul (RS). Segundo pesquisa recente do CBVE, que traz dados sobre o impacto das ações emergenciais em apoio às vítimas das enchentes do RS, conduzidas por 27 empresas associadas (incluindo áreas de telefonia, finanças e transporte aéreo), mais de 6 mil voluntários foram mobilizados, impactando mais de 1 milhão de pessoas direta ou indiretamente e 250 organizações sociais, em mais de 26.000 horas dedicadas em ações. E a participação dessa rede solidária não para por aí. Cerca de 70% das associadas trabalham em ações de ajuda aos desabrigados e na reestruturação urbana das cidades mais atingidas.
As iniciativas sociais promovidas pelas empresas são usadas, na maioria das vezes, como uma forma de inserção no entorno em que atuam. Isso acaba facilitando diversos trâmites como, por exemplo, a expedição de licenças para operar em determinadas regiões. Outro fator que propicia a estruturação e o fortalecimento de grupos de voluntários nas empresas é o advocacy, atuação jurídica em favor de causas sociais, ambientais ou culturais. No ano de 2023, uma ação de advocacy contribuiu para a inserção do voluntariado empresarial em dois critérios quantitativos de voluntariado, voltados ao investimento social e compromisso com o desenvolvimento territorial, nos indicadores Ethos, ferramenta de gestão fornecida pelo instituto de mesmo nome para apoiar empresas na incorporação de práticas de ESG em suas estratégias de negócio.
Nos momentos mais urgentes de apoio às vítimas no Rio Grande do Sul, algumas empresas aplicaram diretrizes específicas para ações de voluntariado. Ainda de acordo com o estudo, 55% das empresas associadas usaram protocolos próprios para situações emergenciais, enquanto 45% precisaram buscar protocolos externos e de outras origens para realizar suas ações.
Ações de redes de voluntários no Rio Grande do Sul
Durante mais de 60 dias foram realizadas campanhas de arrecadação (19%) de alimentos, água, roupas, roupas de cama, colchões, cobertores, produtos de higiene íntima e produtos de limpeza; resgate (2%) de pessoas e animais ilhados; atividades de logística e transporte (15%) de itens; além de doações financeiras (15%), suporte técnico (4%) para o restabelecimento de serviços essenciais, arrecadação de ração para animais domésticos (7%), auxílio para familiares, empregados e clientes (10%) como priorização de seguros ou suspensão temporária de dívidas, empréstimo de veículos ou equipamentos (6%), e outros 20% de recursos distribuídos entre ações de acolhimento psicológico e emocional às vítimas, oferta de espaço ou estruturas de empresas e avaliação de danos e riscos. O investimento total estimado ultrapassa 250 milhões de reais.
Entre ações de reestruturação urbana do Rio Grande do Sul, foram incluídas atividades de arrecadação de móveis e eletrodomésticos (16%), mutirões de limpeza (30%), atividades de arrecadação de materiais para reconstrução de edifícios e ruas (4%), revitalização e reconstrução de espaços públicos (13%) e restabelecimento de serviços essenciais (8%) e outros iniciativas de apoio (30%).