O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), elogiou nesta quinta-feira (6), a megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes, entre elas a de quatro agentes de segurança. Em entrevista ao Flow Podcast, o governador afirmou que a ação foi “bem planejada e executada” e contou ter mantido contato constante com o governador fluminense, Cláudio Castro (PL).
“Tive bastante contato com o Cláudio Castro nesse período, até para prestar apoio, prestar solidariedade, porque eu acho que tem que ter muita coragem para fazer esse enfrentamento”, declarou.
O governador paulista afirmou que o Estado precisa atuar de forma firme nas comunidades, evitando deixar a população sob domínio do crime organizado. Ele declarou ainda que a presença estatal em territórios dominados por facções é uma questão de soberania.
Após a operação, Tarcísio colocou o efetivo policial do estado à disposição do Rio de Janeiro para monitorar comunidades ocupadas. Em seguida, um consórcio entre seis governadores aliados, entre eles Tarcísio, também foi anunciado para se articular sobre o combate a violência.
Segundo os governadores, o objetivo é integrar forças de segurança e equipes de inteligência. Não foram anunciadas medidas concretas para o combate efetivo da violência. Tarcísio participou remotamente da reunião, que ocorreu no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio. O governador Cláudio Castro (PL-RJ) foi parabenizado por outros governadores pela ação.
O governador fez ainda menção à declaração de Lula sobre ‘o traficante ser vítima do usuário’, pela qual o presidente se desculpou. “O traficante não é vítima, ele faz vítimas. A ‘operação no Rio foi desastre?” — perguntou, retoricamente, em relação a outra frase de Lula que classificava a ação como “desastrosa”. “Desastre é não combater o crime organizado”, disse o governador.
Tarcísio também criticou a , mas não fez referências à proposta de equiparação das fações a grupos terroristas, como defendido por lideranças da oposição. “Por falta de agenda, cria-se ‘a grande solução’ de segurança’ pública: a PEC”, disse de forma irônica. “A PEC não vai resolver o problema, o problema é muito mais profundo, o problema é estrutural”, ele afirmou, além de cobrar aumento de penas para criminosos.
‘Quem quis se render foi preso’
No podcast, Tarcísio detalhou que a operação seguiu a tática militar conhecida como “Martelo e Bigorna”, empregada em ações contra grupos irregulares. A estratégia consistiu em dividir o território em setores e empurrar os criminosos até uma área de mata, no Morro da Misericórdia, onde o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) já realizava o cerco.
Segundo ele, o plano buscou reduzir confrontos e riscos para civis. “Quem quis se render foi preso, mais de cem criminosos. Quem resolveu não enfrentar o Estado saiu com vida e vai responder pelos seus crimes na Justiça. Quem partiu para o enfrentamento acabou sendo neutralizado”, afirmou.
O governador também amentou as mortes de policiais ocorridas durante a ação. “Temos também que lamentar a morte dos policiais, porque, quando morre um policial, isso dói. Dói em quem está na linha de frente, dói em quem comanda a Polícia Militar, dói em quem está à frente do Estado”, disse. Para ele, contudo, a omissão diante do avanço das facções seria “uma derrota maior”.
Ao comentar a reação pública à operação, Tarcísio destacou que as pesquisas de opinião revelam apoio majoritário à ação. Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada no primeiro final de semana após a operação, 58% dos entrevistados consideram a ação um sucesso, enquanto 32% a classificam como um fracasso. Outros 6% afirmaram que o resultado “depende” e 4% não souberam ou não responderam.
Nas redes sociais, Cláudio Castro surfou na onda de repercussão e alcançou 2 milhões de seguidores, atrás apenas de Tarcísio de Freitas, que tem 5,5 milhões de seguidores no Instagram. Castro saltou de 464 mil seguidores para 2 milhões em apenas seis dias após a operação policial.
O governador também comparou a ação no Rio com operações conduzidas por sua gestão, como a Escudo e a Verão, na Baixada Santista, que, segundo ele, foram necessárias para conter o avanço do crime organizado — ambas marcadas pela letalidade. “Nenhum governante toma um risco desse tamanho por vontade própria. Essas ações só acontecem porque são necessárias”, afirmou.
Tarcísio ainda mencionou o aumento da presença de facções em outras regiões do país e citou o Ceará como exemplo da gravidade do problema. “O que está acontecendo em algumas cidades do Nordeste, no Ceará por exemplo, é muito grave. O criminoso chega e diz: ‘Vaza’, e o cidadão tem que sair da sua casa, do seu patrimônio”, relatou.
