Entre as peças preciosas roubadas do Museu do Louvre, em Paris, no domingo, estão um colar de esmeraldas com mais de 1000 diamantes, oferecido por Napoleão à sua segunda esposa, e outros tesouros de valor “inestimável”.
Os ladrões invadiram a Galeria de Apolo, no piso superior do Louvre, onde estão expostas as joias da coroa francesa, arrombando duas vitrines de alta segurança e roubando nove peças, de acordo com um comunicado de imprensa do Ministério da Cultura francês.
Uma das jóias, uma coroa de ouro ornamentada, usada pela Imperatriz Eugénie durante o seu reinado no século XIX, foi recuperada perto do local do crime, informou o ministério.
Grafismo: Renée Rigdon, CNN
Arthur Brand, especialista em recuperação de obras arte, disse que os ladrões roubaram peças históricas importantes no que foi um “desastre nacional” para a França. “Estas são as jóias da coroa de Napoleão, da sua mulher e dos seus sucessores. Portanto, são um orgulho para a França”, disse Brand à CNN. “É uma grande perda”. Como as peças são tão reconhecíveis, os ladrões provavelmente irão desmontá-las para vender as jóias e derreter o ouro e a prata, disse.
Eis o que foi roubado:
Diadema de safira, colar e um brinco usados por várias rainhas
Este conjunto de jóias com diamantes e safiras, usado por Hortense de Beauharnais, rainha da Holanda; Marie-Amélie, rainha dos Franceses; e Isabelle d’Orléans, duquesa de Guise, está entre os objectos roubados por quatro ladrões durante o assalto de 7 minutos.
O diadema – uma peça de joalharia usada pela realeza – tem 24 safiras do Ceilão e 1.083 diamantes que podem ser retirados e usados como broches, segundo o Louvre.
As origens do conjunto são desconhecidas, embora alguns sugiram que tenha pertencido à rainha Maria Antonieta. Embora as jóias não tenham as marcas dos mais famosos joalheiros franceses da época, são indicativas do trabalho artesanal dos artesãos parisienses do início do século XIX, disse o museu. O conjunto permaneceu com a família Orléans até 1985, quando foi adquirido pelo Louvre.
Um colar de esmeraldas e brincos oferecidos por Napoleão a Marie-Louise
Uma prenda de casamento de Napoleão à sua segunda mulher, Marie-Louise da Áustria, em março de 1810, este conjunto ornamentado foi criado pelo joalheiro François-Régnault Nitot e inclui 32 esmeraldas de corte intrincado e 1.138 diamantes.
Após o colapso do império de Napoleão, Marie-Louise legou o conjunto original, que também incluía uma tiara, a um parente, e este foi passado através de gerações dos seus descendentes. Em 1953, o conjunto foi vendido ao joalheiro Van Cleef & Arpels, após o que as esmeraldas da tiara foram vendidas e mais tarde substituídas por pedras turquesa por um colecionador americano. A tiara alterada faz agora parte da coleção do Smithsonian.
O colar e os brincos, no entanto, foram preservados na sua forma original e vendidos ao Louvre em 2004 por 3,7 milhões de euros.
O broche relicário
A Imperatriz Eugénie, esposa de Napoleão III, foi a proprietária original deste broche incrustado de diamantes, criado por Paul-Alfred Bapst em 1855 especialmente para ela, segundo o Louvre. Condessa espanhola, Eugénie foi imperatriz dos franceses de 1853 a 1870 e considerada uma das mulheres mais elegantes da época.
Um broche relicário é um broche que contém uma relíquia sagrada, um símbolo da fé católica de Eugénie. Composto por 94 diamantes, o broche inclui os diamantes Mazarin XVII e XVIII, que foram oferecidos ao Rei Luís XIV pelo antigo ministro-chefe Cardeal Mazarin em 1661, segundo o museu. Estas grandes pedras espelham-se uma na outra no centro do broche. Belas gravuras de folhagens decoram a parte de trás do broche dourado, que foi adquirido pelo Louvre em 1887.
Broche de laço com diamantes e diadema da imperatriz Eugénie
O broche de laço em prata, ouro e diamantes constituía originalmente a fivela de um cinto de diamantes com 4.000 pedras que foi exibido na Exposição Universal de 1855, antes de ser usado pela imperatriz Eugénie, segundo o Louvre.
Diz-se que Eugénie usou o cinto, criado por François Kramer, durante uma visita da Rainha Vitória ao Palácio de Versalhes em agosto de 1855, e novamente em junho de 1856 para o batismo do príncipe imperial. Mais tarde, Eugénie decidiu transformar o cinto num broche e pediu a um dos seus joalheiros que o transformasse numa peça autónoma mais elaborada, acrescentando borlas de diamantes em cascata.
Em 1887, o broche foi comprado pelo joalheiro Emile Schlesinger para a socialite nova-iorquina Caroline Astor num leilão por 42 200 francos franceses, segundo a casa de leilões Christie’s. Permaneceu na família Astor durante mais de um século, até que o Louvre o comprou em 2008, devolvendo-o a França. O museu pagou 6,72 milhões de euros pelo broche, de acordo com a Fondation Napoleon.
O diadema de pérolas foi feito para Eugénie pelo joalheiro Alexandre-Gabriel Lemonnier em 1853 e contém 212 pérolas e 1.998 diamantes, segundo o Louvre.
Roubada mas recuperada: a coroa de Eugénie
Os ladrões tentaram roubar a coroa da imperatriz Eugénie, mas esta foi encontrada no exterior do Louvre, de acordo com o Ministério da Cultura francês,
A peça de ouro ornamentada, que tem 1.354 diamantes e 56 esmeraldas, foi danificada no assalto, segundo a estação de televisão francesa TF1 e o jornal Le Parisien.