© Foto / Reprodução Bluesky / Adam Przeworski

O cientista político Adam Przeworski é um renomado e premiado pesquisador sobre democracias, que ficou amplamente conhecido no Brasil após ser citado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros réus da trama golpista.

Em entrevista ao O Globo, o polonês radicado nos Estados Unidos, afirmou que não sabe se do ponto de vista jurídico faz sentido o ministro Fux utilizar sua bibliografia como argumentação no julgamento.

“Quando ele invoca a ciência política, não consigo ver quais conclusões o ministro Fux desejou extrair. É verdade que acadêmicos definiram a democracia de maneiras distintas. Isso justifica as ações de Bolsonaro? Isso implica que ele não tentou um autogolpe?”

Sobre uma possível anistia aos condenados por atos golpistas, incluindo Bolsonaro, Przeworski classificou como “desastre”, em uma ação que ele acredita que encorajaria outras tentativas de destruir o Estado democrático de direito.

“Seria um desastre. A lição de uma anistia seria clara: pode-se levar a cabo ações criminosas contra a democracia e sair impune. Encorajaria o próprio Bolsonaro e qualquer outro líder político a tentar isso.”

Para Przeworski, a democracia brasileira é “muito forte” e com instituições “poderosas”, sendo a condenação de Bolsonaro uma confirmação desta avaliação do cientista político.

“O que impressiona no julgamento não é apenas que Bolsonaro foi condenado, mas que oficiais militares de alto escalão também o foram. Isso é inédito no Brasil. E as Forças Armadas estão em silêncio. O julgamento mostra que Bolsonaro não sai impune, que a sua base potencial de apoio para desestabilizar a democracia foi desativada e que as Forças Armadas não vão desempenhar um papel político.”

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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