A Unigel, uma das principais petroquímicas do Brasil, rejeitou o acordo proposto pela Petrobras para reativar duas fábricas de fertilizantes localizadas no Nordeste, que estão fechadas há dois anos. A decisão, antecipada nos bastidores desde o fim de abril, foi confirmada oficialmente nesta sexta-feira (9).

 

De acordo com fontes próximas às negociações, a companhia baiana não concordou com os termos do plano apresentado pela estatal, que previa a realização de uma licitação para definir a futura operadora das plantas industriais.

 

O Conselho de Administração da Petrobras deve se reunir ainda nesta sexta-feira para discutir uma possível extensão do prazo para a resolução do impasse, para tentar acomodar os interesses da Unigel, atualmente em processo de recuperação judicial.

 

A Unigel buscava assegurar não apenas a receita necessária para retomar a operação sem gerar prejuízos, mas também garantir capital adicional para reativar a produção.

 

A proposta inicial, debatida internamente pela Petrobras e que deveria ter sido votada no fim de março, incluía a desistência de uma ação judicial no valor de R$ 1,4 bilhão movida pela estatal, além do pagamento de R$ 200 milhões à Unigel para que esta voltasse a operar as unidades de ureia e amônia, sem a necessidade de licitação.

 

Segundo interlocutores da Petrobras, esse modelo de acordo teve influência de um grupo de políticos conhecido internamente como o “Clube da Bahia”. No entanto, a proposta gerou divisão entre os membros do conselho, provocando discussões acaloradas. Parte dos conselheiros expressou preocupação com eventuais riscos jurídicos, temendo ser alvo de investigações e processos por parte do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Ministério Público Federal (MPF).

 

As informações são da jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo.

 

A Unigel assumiu, em 2020, durante o governo Jair Bolsonaro, o arrendamento das fábricas de fertilizantes da Petrobras localizadas em Sergipe e na Bahia, após a decisão da estatal de sair do setor.

 

Contudo, a companhia baiana desativou essas unidades em 2023, em meio a uma sequência de prejuízos gerados pelo aumento do preço do gás natural — principal matéria-prima dos fertilizantes — combinado à queda nos preços internacionais da ureia e da amônia.

 

Desde então, a Unigel busca um plano de resgate financeiro com apoio da própria Petrobras. No entanto, os dois contratos já negociados com a diretoria da petroleira foram alvo de questionamentos: primeiro pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e, em seguida, por funcionários da própria estatal, que expressaram preocupações quanto às condições propostas para o salvamento.

 

De acordo com pareceres técnicos do TCU, uma das propostas analisadas poderia acarretar um prejuízo estimado em R$ 487 milhões para a Petrobras, além de ter sido classificada como um “drible” nos processos e instâncias internas de governança da companhia.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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