O Aeroporto Internacional de Muan, no Sudoeste da Coreia do Sul, foi nesta segunda-feira palco de uma cerimónia solene de homenagem às 179 pessoas que perderam a vida há precisamente um ano, quando um avião da companhia aérea Jeju Air se despistou durante a aterragem e se incendiou, depois de ter chocado violentamente contra uma parede de betão no final da pista.
Entre as mais de 1200 pessoas que se juntaram no exacto local onde o Boeing 737-800 se despenhou, o sentimento generalizado era o de impotência, tendo em conta que ainda não foi divulgado o relatório final sobre a tragédia.
A Comissão de Investigação de Acidentes Aéreos e Ferroviários, responsável pelas investigações ao pior desastre acidente aéreo da história do país, prometera apresentar no espaço de 365 dias todas as conclusões sobre o desastre e as suas causas, mas falhou o prazo e não há previsão sobre a data de publicação do relatório.
“Não vamos parar até que a verdade seja finalmente revelada e que os responsáveis sejam responsabilizados, para que as vidas das 179 pessoas não tenham sido perdidas em vão”, assegurou, ainda assim, Kim Yu-jin, representante dos familiares das vítimas, durante a cerimónia, citada pela Reuters.
Por enquanto, sabe-se apenas que o avião da Jeju Air, vindo de Banquecoque, capital da Tailândia, danificou um dos motores depois de ter colidido com um bando de aves aquando de uma primeira tentativa de aterragem no aeroporto de Muan, e que os pilotos desligaram o segundo motor antes da aterragem fatídica.
O facto de as “caixas negras” terem parado de gravar cerca de quatro minutos antes do acidente dificulta as investigações, mas também dá azo a todo o tipo de especulações.
O Boeing 737-800 aterrou de barriga, sem baixar o trem de aterragem, saiu da pista e explodiu após colidir com uma parede de betão, matando todos 179 das 181 a bordo, incluindo cinco crianças.
“Espero que as investigações sejam conduzidas de forma minuciosa, para que aqueles que o merecem seja punidos”, disse Ryu Kum-ji, citado pela Reuters, que perdeu ambos os pais no acidente.
Numa mensagem em vídeo transmitida durante a cerimónia em Muan, o Presidente da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, admitiu que o “desastre” ocorrido no dia 29 de Dezembro de 2024 “revelou claramente os problemas e limitações sistemáticos” da “sociedade” sul-coreana e pediu desculpa em nome do Estado.
“Sei que nenhuma palavra pode oferecer conforto total. Como Presidente, encarregado de proteger a vida e a segurança da população, apresento as minhas mais sinceras desculpas”, afirmou o liberal Lee, citado pela agência noticiosa sul-coreana Yonhap.
Lee chegou à presidência cerca de seis meses depois do acidente. A Coreia do Sul era governada, na altura, por Choi Sang-mok, que ocupava o cargo interinamente após a suspensão do conservador Yoon Suk-yeol, na sequência da polémica declaração da lei marcial, poucas semanas antes.
A cerimónia desta segunda-feira no Aeroporto Internacional de Muan começou às 9h03 locais (menos 9h em Portugal continental), hora em que o acidente ocorreu, com sirenes a tocar durante um minuto, seguidas de um momento musical.
Os familiares das vítimas acenderam depois velas e depositaram flores num memorial que foi ali montado. Foram lidos e exibidos os nomes de todas as 179 vítimas e cantou-se os parabéns aos mortos que nasceram no mês de Dezembro.
Para além dos familiares das vítimas mortais, a cerimónia também contou com responsáveis do Governo e com deputados dos diferentes partidos da Coreia do Sul.
