As buscas pelos desaparecidos após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga os estados do Maranhão e Tocantins, foram retomadas às 7h desta sexta-feira. Até o momento, as equipes de resgate localizaram nove corpos: sete já foram retirados da água, enquanto dois permanecem presos às ferragens de um dos veículos submersos. O resgate dessas vítimas ainda não foi possível devido à falta de condições seguras para os mergulhadores. Outros oito continuam desaparecidos. A última vítima encontrada, segundo a Marinha, foi localizada por moradores a seis quilômetros do local do acidente.
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Durante o quinto dia de buscas realizadas pelo Corpo de Bombeiros no Rio Tocantins, foram localizados dois caminhões carregados com produtos químicos, uma caminhonete, duas carretas e duas motos. A operação utiliza mergulhadores especializados, sonares e robôs subaquáticos para alcançar as áreas mais profundas do rio, onde ocorreu o desabamento da ponte. A partir de agora, as buscas contarão com o reforço de três dispositivos subaquáticos adicionais e um drone, que será utilizado para monitorar áreas mais distantes do local do acidente. As autoridades continuam investigando as causas do incidente e os possíveis impactos ambientais na região.
Os familiares dos desaparecidos acompanham de perto o andamento das buscas, que enfrentam desafios devido à profundidade do rio, que chega a 48 metros no trecho afetado, e à baixa visibilidade subaquática.
Nesta quinta-feira (26), o Corpo de Bombeiros do Tocantins localizou três corpos. Um dentro da cabine de uma caminhonete, outro sob o mesmo veículo, ambos em profundidades de até 35 metros, e o terceiro a aproximadamente 6 km do local do desabamento, fora da área de mergulho.
Foram localizados tanques de defensivos agrícolas e ácido sulfúrico dentro de duas carretas. A integridade dos recipientes foi confirmada por sonares da Marinha e técnicos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Maranhão, descartando riscos imediatos de contaminação da água.
Para reforçar a operação, a Marinha enviou 18 mergulhadores e 12 toneladas de equipamentos, incluindo veículos submarinos do tipo ROV e ferramentas para mergulho a profundidades superiores a 50 metros. Uma câmara hiperbárica também foi transportada pela Força Aérea Brasileira (FAB) para oferecer suporte em caso de acidentes durante os mergulhos.
Das nove pessoas encontradas sem vida, seis já foram identificadas. Entre elas estão:
- Lorena Ribeiro Rodrigues, 25 anos.
- Lorranny Sidrone de Jesus, 11 anos.
- Kecio Francisco Santos Lopes, 42 anos.
- Andreia Maria de Souza, 45 anos.
- Anísio Padilha Soares, 43 anos.
- Silvana dos Santos Rocha Soares, 53 anos.
Em solidariedade às vítimas, o governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), decretou luto oficial de três dias, até sábado. Em nota, ele expressou condolências às famílias e reafirmou o compromisso com o resgate e a investigação do acidente.
O desabamento da ponte interrompeu o tráfego entre os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), forçando a população local a utilizar rotas alternativas. O Rio Tocantins, fonte de abastecimento para cerca de 19 municípios, teve sua qualidade da água analisada pela Agência Nacional de Águas (ANA), que descartou contaminação significativa.
As causas do colapso continuam sob análise. Técnicos avaliam se problemas estruturais ou sobrecarga de veículos podem ter contribuído para a tragédia. Enquanto isso, familiares das vítimas aguardam com ansiedade o encerramento das buscas.
A operação segue sem prazo definido para término, com a expectativa de localizar os corpos das oito pessoas que continuam desaparecidas.
O governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), informou na última terça que um parecer técnico da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) concluiu que não há risco de contaminação da água do Rio Tocantins para consumo. Com isso, o abastecimento na cidade Imperatriz (MA), a maior da região, foi retomado.
A ponte, localizada na BR-226 e que faz a ligação entre as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), desabou na tarde do último domingo.
O resgate subaquático é realizado por 29 mergulhadores, e a Marinha utiliza um equipamento chamado SideScan Sonar. Com o uso dessa tecnologia, foi possível identificar a localização de um dos caminhões submersos, a cerca de 40 metros de profundidade.
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O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um inquérito para investigar os impactos ambientais provocados pela queda da ponte Juscelino Kubitschek. O colapso da estrutura ocasionou o vazamento de 76 toneladas de ácido sulfúrico no Rio Tocantins, proveniente dos caminhões que caíram no desabamento da via, segundo a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). O órgão público estima que o escoamento da água contaminada pode impactar até 19 municípios da região.
Segundo a ANA, os caminhões transportavam 22 mil litros de defensivos agrícolas e 76 toneladas de ácido sulfúrico. No mesmo dia, a Defesa Civil emitiu um alerta urgente à população das duas cidades na margem do rio, para evitarem qualquer contato com o curso da água.
Em meio ao risco de contaminação, o braço do MPF no Pará, onde fica a foz do Rio Tocantins, abriu uma investigação para análise dos danos provocados pelo incidente. O órgão público determinou a divulgação de informações, ainda que em estudos preliminares, sobre a atual situação da qualidade da água do Rio Tocantins e a análise dos impactos a curto, médio e longo prazo.
As orientações foram destinadas à Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Marabá, por onde o curso d’água passa, à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, ao Instituto Evandro Chagas, ao Museu Emílio Goeldi e à Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).
“O derramamento de ácido sulfúrico e agrotóxicos representa graves riscos à saúde das populações que vivem próximas à margem do rio Tocantins, especialmente de comunidades ribeirinhas e tradicionais, que utilizam o rio como fonte de subsistência”, disse o MPF em nota.
O caso também é investigado pela Polícia Federal (PF), que busca a responsabilidade criminal pelo queda da ponte e também a análise do potencial de dano ambiental na área. Uma equipe de cinco peritos, sendo dois engenheiros civis, dois especialistas em local de crime e um especialista em meio ambiente, foi enviada ao local.
A investigação será conduzida pelas Superintendências Polícia Federal no Maranhão e no Tocantins, que têm jurisdição sobre a área.