Há cerca de 10 anos, o laboratório do curso de Biotécnologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) trabalha com microRNA. O professor Vinícius Farias Campos conta que há três, os microRNAs começaram a ser utilizados em peixes ameaçados de extinção. “Queríamos ver como a contaminação ambiental os afetava, pois o microRNA funciona como marcador do animal. Se a contaminação o afeta ele se modifica”, explica.

Ele conta que no trabalho foi identificado que a contaminação com glifosato, por exemplo, os afetava. “Começamos a trabalhar com outras espécies de peixe, como o zebrafish, que é um modelo muito utilizado em laboratório e vimos que também neste animal acontecia modificação. Com isto ocorreu a ideia de utilizá-los para ver se uma determinada água está poluída”, relata.

O professor confirma que a utilização dos zebrafish dá a certeza que está ocorrendo uma contaminação, pois o animal é sensível a mudança, uma vez que os microRNAs são estruturas biológicas que são as primeiras a sofrer modificações com a contaminação. “Isto espelha e pode ocorrer também com humanos, plantas ou qualquer outra espécie”, completa.

Em 2024, a patente da pesquisa foi registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). “Agora, após quase um ano fizemos um processo para que uma empresa possa explorar a patente”, observa. A escolhida, Ciclo Biotecnologia Ambiental, é uma empresa incubada na UFPel, fundada pelo Antônio Pagano, que está fazendo doutorado em biotecnologia e participou da pesquisa. “Eu sou o professor orientador dele, que já tinha a empresa há dois anos e desenvolvemos a tecnologia em conjunto e resolvemos licenciar. Com isto, é possível explora-lá economicamente, ou seja, temos uma tecnologia que não é só registrada, mas está com uso por alguém “, confirma.

Para Campos, como universidade pública a questão da transferência de tecnologia é uma busca que a UFPel tem que fazer. Ele relata que são realizadas análises de mercado e da tecnologia utilizada para ver se há potencial econômico. “Usamos um parceiro que faz análise mercadológica para nós . Estamos tentando transferir tudo que pode ser explorado comercialmente e temos outros projetos que podem ter o mesmo destino”, confirma. Ele destaca o caso de uma empresa parceira que visa identificar microRNAs que sejam marcadores de fertilidade em bovinos. “O animal produz no sêmen os microRNas e quantificamos para ver se tem fertilidade ou não. Neste caso estamos desenvolvendo em conjunto com a empresa que sabe que pode levar a tecnologia para o mundo”, conclui.

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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