Com o final de ano se aproximando, a tradicional celebração com fogos de artifício volta a ser um tema de debate e preocupação, especialmente para famílias com crianças autistas. O barulho ensurdecedor das explosões, que para muitos é apenas um incômodo passageiro, representa uma fonte de sofrimento intenso para essas crianças.
No Brasil, o número de crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem aumentado significativamente. Além das leis e benefícios criados para apoiar essas pessoas, é crucial que a sociedade esteja ciente dos riscos que práticas como a queima de fogos de artifício e o barulho de motos sem escapamento podem causar.
A psicóloga Aline Marotto, de Wenceslau Braz, explica que as crianças autistas frequentemente possuem uma sensibilidade auditiva maior do que as outras crianças, o que pode gerar crises e até mesmo convulsões. “As crianças com TEA podem ter alterações sensoriais significativas que se manifestam na sensibilidade a barulhos, cheiros, texturas, entre outros”, comentou.
“Contudo, nas crianças com sensibilidade auditiva, o barulho é sentido com mais intensidade e pode desencadear uma crise de desregulação emocional em função da sobrecarga sensorial, onde elas podem ficar mais nervosas, se machucarem e até mesmo machucar outras pessoas nesse momento de crise”, explicou a psicóloga.
Além das crises de nervosismo, o barulho também pode causar desconfortos físicos e psicológicos profundos, afetando o bem-estar das crianças por longos períodos. As explosões podem desencadear reações como gritos, fuga ou busca por esconderijos para tentar amenizar o sofrimento.
Um pai de uma criança autista, que prefere não se identificar, compartilhou sua experiência nas redes sociais, pedindo às pessoas que considerem o impacto dos fogos de artifício e do barulho de motos sem escapamento nas crianças autistas. “Meu filho entra em pânico com o barulho dos fogos. Ele grita, tenta se esconder e pode ficar assim por horas. É muito doloroso ver seu filho sofrer tanto por algo que poderia ser evitado”, disse.
O apelo tem ganhado apoio de muitas pessoas e organizações que defendem os direitos das pessoas com TEA. A conscientização sobre os efeitos dos fogos de artifício e do barulho excessivo é essencial para garantir um ambiente mais inclusivo e acolhedor para todas as crianças.
A comunidade autista e seus aliados esperam que, com mais informação e sensibilidade, as celebrações de final de ano possam ser mais tranquilas e seguras para todos.