Moradores da zona rural da cidade de Goiás e entidades ambientais denunciaram o despejo recorrente de esgoto no córrego Bacalhau, supostamente proveniente de uma estação de tratamento operada pela Saneago.
O caso remete a uma falha mecânica registrada na última segunda-feira, 6, na Estação Elevatória Paraíso, que provocou mortandade de peixes no manancial. Na época, a Saneago informou, em nota, que o problema foi solucionado em 35 minutos após a ocorrência, “sem danos graves”. No entanto, o Jornal Opção obteve relatos e imagens que apontam para um cenário diferente.
Problema recorrente
Segundo moradores da região, a Estação Elevatória Paraíso apresenta falhas mecânicas frequentes desde 2019, ano em que foi construída para bombear o esgoto até a estação de tratamento da cidade. A moradora Edna Xavier, que também denunciou a ocorrência do dia 6, afirma que, nos últimos três anos, ocorreram sete extravasamentos — em todos os casos, com lançamento de efluentes contaminados no manancial.
“Desde 2019 estamos nessa luta contra o despejo de esgoto no córrego Bacalhau”, relata Edna.
De acordo com ela, a elevatória funciona com um motor e um gerador que apresentam defeitos recorrentes, o que interrompe o fluxo de bombeamento e pode causar extravasamentos. A instalação fica a menos de oito metros do rio, o que, segundo a moradora, aumenta o risco de contaminação.
Ainda em 2019, a Prefeitura de Goiás e a Saneago teriam firmado um acordo para reestruturar a estação. A empresa se comprometeu a executar as melhorias, mas, conforme os moradores, o projeto não saiu do papel. O problema voltou a se repetir em 2023, com duas ocorrências, seguido de mais uma em 2024 e cinco casos apenas em 2025.
Edna afirma ainda que suspeita que a estação opere sem licenciamento ambiental, já que teve o pedido de acesso ao documento negado por fiscais da empresa.
O córrego Bacalhau é utilizado por moradores locais para nado e pesca esportiva ao longo de seu percurso. Ele deságua no rio Vermelho, que, por sua vez, abastece o rio Araguaia — um dos principais cursos d’água do Estado.
“Eles estão nadando e pescando em um rio cheio de fezes humanas”, lamenta.
Confira vídeo e imagens da última contaminação do rio Bacalhau, no dia 6 de outubro:
O Jornal Opção tentou entrar em contato com a Saeango para ouvir um posicionamento, contudo, não teve resposta.