Fundo sustentável e ETFs são opções de investimento verde - 21/12/2025 - Economia <span class="widget-image__credits"> Catarina Pignato/Folhapress </span>

Consultores e especialistas do mercado financeiro avaliam que, apesar do recuo de empresas em metas ambientais e da pressão do governo Trump para a produção de petróleoinvestimentos como títulos verdes e ETFs (fundos de índice) continuam a ser uma boa opção para o investidor.

Segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais), o patrimônio de fundos de investimento sustentável (IS) ultrapassou o patamar de R$ 40,41 bilhões em outubro deste ano, uma alta de 37% na comparação com o valor registrado no mesmo período de 2024.

O patrimônio de outros fundos relacionados, ou seja, que integram aspectos ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança), cresceram na mesma proporção, de acordo com a entidade.

O nível de captação dos fundos foi de R$ 10,78 bilhões no acumulado de janeiro a outubro de 2025.

Mario Perrone, head de Captação e Investimentos do Banco do Brasil, diz que a instituição projetada obterá, até 2030, R$ 30 bilhões em fundos de investimentos sustentáveis.

Segundo ele, as aplicações sustentáveis ​​vêm ganhando protagonismo na indústria, tanto pela demanda dos investidores quanto pelos ciclos estruturais ligados à transição energética, infraestrutura e governança corporativa.

Perrone afirma que o BB tem fundos que investem em empresas com altos níveis de governança corporativa e que consideram práticas para o desenvolvimento sustentável e preservação do meio ambiente.

“Os investimentos sustentáveis ​​não são apenas uma tendência, mas uma oportunidade para unir rentabilidade e propósito. Ao integrar-los de forma estratégica, o investidor contribui para um futuro mais responsável, enquanto fortalece a diversificação, proteção e retorno de sua carteira”, afirma Perrone.

José Maria Silva, coordenador de alocação e inteligência da Avenue, diz que ETFs (Exchange Traded Funds, ou fundos de índice) temas temáticos para sustentabilidadeou seja, que investem em empresas ou ativos que seguem critérios ESG, são uma ótima porta de entrada para o investidor.

Os ETFs replicam o desempenho do índice que ele se propõe a compensar, como o ISE B3 (Índice de Sustentabilidade Empresarial). Na prática, a rentabilidade de um ETF é a mesma do índice que ele reflete.

Silva também cita como opção fundos focados em infraestrutura ou em temas de transição energética.

“Em um cenário de investimento em uma tendência global, como a sustentabilidade, o investidor tende a ter melhores resultados priorizando opções que são multiprodutos, que não vão investir apenas em uma empresa específica, mas vão procurar várias companhias e setores”, diz.

Segundo Silva, apesar do recuo de empresas em metas ESG, a sustentabilidade deve continuar a ser uma tendência.

“Não vou dizer que você não vai conseguir ou não as melhores garantias com investimentos sustentáveis. Eles são complementares aos investimentos tradicionais e fazem parte de um portfólio equilibrado”, afirma.

De acordo com Patricia Ellen, sócia-presidente da consultoria Systemiq Latam, os títulos verdes (títulos verdes) são uma opção para quem procura investimentos de baixíssimo risco e podem ser comparáveis ​​ao CDB (Certificado de Depósito Bancário).

“O título verde é atraente porque ele também traz um retorno ambiental e social muito positivo. Mas o retorno dele é parecido com o de um título tradicional. Às vezes um pouquinho menor. Mas o investimento direto nos negócios tem se provado bastante competitivo”, afirma.

De acordo com a Moody’s, a emissão global de títulos sustentáveis ​​totalizou US$ 179 bilhões no terceiro trimestre de 2025, queda de 33% em relação ao ano anterior, em meio aos fortes declínios na Europa, na região da Ásia e do Pacífico e na América do Norte.

Apesar desse cenário, Serena Canjani, analista da Moody’s, diz que os títulos sustentáveis ​​são centrais para o financiamento da transição energética. Ela projeta crescimento de emissão de longo prazo em setores com alta ou muito alta exposição ao risco de transição de carbono.

Segundo a agência, a América Latina enfrentou um déficit anual de investimento para transição de US$ 177 bilhões até 2030. Sem esses recursos, a Moody’s prevê que a região não conseguirá atingir as metas de neutralidade de carbono.

“Isso mostra que esses países enfrentam uma lacuna significativa de financiamento, o que representa uma oportunidade para que as finanças sustentáveis ​​desempenhem um papel crítico”, afirma Canjani.


O QUE É UM FUNDO SUSTENTÁVEL?

De acordo com a Anbima, um fundo IS (investimento sustentável) tem o objetivo intencional de proteger, contribuir, evitar danos ou degradações, gerar impacto positivo e/ou garantir direitos em questões ambientais, sociais e/ou de governança. Esses propósitos, no entanto, não podem comprometer o desempenho financeiro do fundo.

COMO IDENTIFICAR UM FUNDO SUSTENTÁVEL?

Fundos de investimento totalmente sustentáveis ​​levam o sufixo IS no nome. Essa identificação é feita pela instituição e é supervisionada pela Anbima. Também pode conter outros termos relacionados ao tema, como “ASG”, “ESG”, “Sustentabilidade”, entre outros.

Há ainda fundos que integram aspectos ESG em seu processo de gestão, mas não têm o investimento sustentável como objetivo principal. Nesse caso, a instituição financeira não pode usar o sufixo IS na identificação do produto, mas pode usar a frase “Esse fundo integra questões ASG em sua gestão” nos materiais de venda.

Um fundo não pode integrar aspectos ESG e ser IS ao mesmo tempo.

O QUE É UM FUNDO É ESPELHO?

Um fundo espelho investe pelo menos 95% do patrimônio em outro fundo. No caso de um fundo IS espelho, o patrimônio deve ser aplicado em um fundo IS no Brasil ou no exterior.

Fonte: Anbima

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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