Levar as crianças para brincar, fazer atividade física e passear com o animal de estimação são algumas das atividades que pessoas de todas as idades costumam realizar em áreas públicas. Esses espaços de convivência coletiva são fundamentais para garantir uma qualidade de vida e precisam ser mantidos limpos pelos poderes públicos e por toda população.

O apelo sobre a importância de manter esses ambientes em condições seguras para a saúde ganha reforço com os dados da pesquisa de mestrado realizada por Vitória Sarmento, sob orientação do professor Müller Ribeiro-Andrade, no Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O estudo da médica veterinária investigou a presença de parasitos em praças e parques públicos de Maceió, por meio da análise de amostras de solo coletadas em 55 áreas públicas distribuídas pelos oito distritos sanitários da cidade. Os resultados evidenciaram a necessidade de maior atenção ao manejo de dejetos fecais, à limpeza desses espaços e à posse responsável de animais.

Segundo o estudo, foram detectadas formas parasitárias de vermes e protozoários em 47,9% das amostras analisadas, com positividade em todos os distritos sanitários do município. Alguns parasitos identificados têm potencial zoonótico, ou seja, podem infectar humanos e outros animais. Evidenciou-se, ainda, que esses ambientes apresentam uma maior contaminação no período chuvoso (abril a agosto) em relação ao período seco (setembro a março). A pesquisa também constatou a presença de fezes humanas e de outros animais em 96% das áreas públicas avaliadas, ressaltando a necessidade de ações educativas com os usuários desses espaços quanto ao manejo fecal e riscos à saúde.

Conforme dados das análises realizadas, a maioria dos agentes parasitários detectados provoca infecções intestinais, mas alguns podem atingir outros sistemas, dependendo de sua biologia. Entre os vermes diagnosticados estão Ascaris sp., Trichuris sp., Hymenolepis sp. e Toxocara sp. Também foram encontrados, em menor frequência, os protozoários Entamoeba sp. e Cystoisospora. Um destaque é o grupo dos ancilostomídeos, como, por exemplo, a espécie Ancylostoma caninum, que além de causar infecções intestinais em cães, pode provocar em humanos lesões de pele conhecidas, popularmente, como bicho-geográfico.

O professor Müller Ribeiro-Andrade, orientador da pesquisa, destaca a relevância do trabalho para a saúde multiespécie e a importância de promover melhores hábitos sanitários de toda população (animais humanos e não-humanos) no uso dos espaços coletivos. “A contaminação por parasitos em praças é um problema silencioso, que reflete hábitos culturais e comportamentais. Não se busca com o estudo apontar culpados, nosso objetivo é sensibilizar a população para práticas como recolhimento de fezes, realização de exames parasitológicos e vermifugação racional dos pets e das pessoas, uso de calçados e melhores hábitos de higiene da população que desfruta ou necessita desses ambientes. Em adicional, deve-se incentivar políticas públicas que priorizem a saúde das pessoas em situação de rua, bem como os animais errantes”, detalhou Müller.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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