Um estudo publicado nesta quinta-feira (28) na revista Landslides aponta que as chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024, causando uma dos maiores desastres ambientais do país, desencadearam o maior evento de deslizamentos de terra já registrado no Brasil em termos de quantidade.

Ao todo, foram contabilizados 15.376 deslizamentos. A maior parte deles ocorreu ao longo da Escarpa do Planalto Meridional, uma formação geográfica caracterizada por declives acentuados que separam o planalto das regiões mais baixas do estado. Esse relevo elevado, com altitudes entre 600 e 1.200 metros, torna o solo mais vulnerável a deslizamentos, pois a água das chuvas escoa rapidamente pelas encostas, saturando o solo e provocando instabilidades.

Além disso, o evento extremo afetou 96% dos municípios gaúchos, impactando cerca de 2,4 milhões de pessoas e resultando em 183 mortes. O inventário de deslizamentos foi elaborado a partir da interpretação visual de 474 imagens de alta resolução, cobrindo aproximadamente 43.722 km².

Em comparação, o desastre mais letal do país, ocorrido na região serrana do Rio de Janeiro em 2011, registrou cerca de 4.000 deslizamentos induzidos por chuvas, número significativamente inferior ao do evento de 2024.

A magnitude do episódio no Rio Grande do Sul também se aproxima de grandes desastres globais induzidos por terremotos, como os 4.312 deslizamentos provocados pelo terremoto no Nepal em 2015 e os 8.444 no Haiti em 2021.

Segundo os autores do estudo, a escala inédita e as características singulares do desastre reforçam a necessidade urgente de políticas de preparação, prevenção e planejamento em regiões vulneráveis a precipitações extremas.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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