O estudo elaborado pelo Instituto Escolhas mostra que o Brasil, apesar de ser líder na produção global de soja, utiliza um modelo de trabalho ineficiente e insustentável na plantação do grão, que se baseia em um alto consumo de insumos químicos, prejudiciais para o meio ambiente. O resultado do abuso na utilização de agrotóxicos e fertilizantes traz danos diretos, como a degradação do solo, a perda da biodiversidade, a contaminação dos corpos hídricos e os riscos à saúde humana. Acrescente-se a isso o aumento do desmatamento, legal e ilegal, para a expansão da área cultivável.

Esse é o tema do debate que o Correio promove, em parceria com o Instituto Escolhas, em 2 de setembro. A ideia do evento é apresentar soluções possíveis para um modelo de plantação que respeite o uso solo, o bem-estar do produtor e o meio ambiente, mas sem abrir mão da produtividade. O Brasil é o maior exportador de soja do mundo, commodity que tem um grande peso na balança comercial do país. Além disso, o grão fundamental para a produção de proteína animal.

Segundo o estudo, a produtividade da soja por hectare no país foi a que menos aumentou, entre 1993 e 2023. A produção, em 1993, era de 2.120kg por hectare e, em 2023, chegou 3.423 kg por hectare — crescimento de 61% (ou 2% ao ano) em 30 anos, índice que pode ser considerado modesto se comparado ao de outras culturas. Entretanto, a área desmatada saiu de 11 milhões de hectares, em 1993, para 44 milhões, em 2023. Esse crescimento de 317% (ou 5% ao ano) em três décadas coloca o grão como um dos vilões do desmatamento e, por consequência, das mudanças climáticas.

De acordo com o levantamento do Instituto Escolhas, um produtor de soja no Brasil, em 1993, com 1kg de agrotóxico, produzia 23 sacas — uma saca equivale a 60kg. Em 2023, com o mesmo 1kg são produzidas somente sete sacas. Essa queda de produtividade se reflete no uso desproporcional de insumos químicos: se com uma tonelada de defensivos e fertilizantes, em 1993, eram produzidas 517 sacas de soja, em 2023 essa mesma tonelada foi capaz de entregar apenas 333 sacas.

O estudo mostra, também, que o Brasil, comparativamente, tem a pior relação produtividade/utilização de agrotóxico entre os cinco principais produtores mundiais de soja: faz quatro sacas para cada quilo de insumo químico. A Argentina produz oito sacas por quilo de defensivo; o Estados Unidos fazem 18 sacas/quilo de insumo; a China, 19 sacas/quilo de insumo; e a Índia, 74 sacas/quilo de insumo.

*Estagiários sob a supervisão
de Fabio Grecchi

 


CY

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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