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Um estudo do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e do Instituto Ecofaxina revelou que o rio dos Bugres, localizado no litoral de São Paulo, é um dos mais contaminados por microplásticos no mundo. De acordo com a pesquisa, publicada na revista científica Marine Pollution Bulletin, o rio apresenta uma concentração alarmante de até 93 mil partículas de microplásticos por quilograma coletada.
O nível de poluição do Bugres só é superado pelo do rio Pasur, em Bangladesh, onde foram registradas 157 mil partículas por quilo de sedimento. No entanto, a confiabilidade desse número é questionável, já que o estudo original foi retirado de publicação devido a suspeitas de fraude na revisão científica. Isso faz do Bugres, potencialmente, o mais poluído por microplásticos já registrado com dados verificados.
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Fatores que agravam a poluição
O alto nível de contaminação do rio dos Bugres é resultado de diversos fatores, entre eles a ocupação irregular do território, o descarte inadequado de resíduos sólidos e a ausência de saneamento básico na região. Além disso, a hidrodinâmica do rio — ou seja, a forma como a água circula e se movimenta — contribui para o acúmulo de resíduos plásticos.
Segundo William Rodriguez Schepis, biólogo e coordenador do Instituto Ecofaxina, a geografia do Bugres favorece a retenção de microplásticos no ambiente. “O plástico se deposita e fica preso sob as palafitas e nas raízes de manguezais, acumulando-se no sedimento há anos”, explica. Esse acúmulo prolongado intensifica os impactos ambientais e ameaça a fauna local, uma vez que microplásticos podem ser ingeridos por organismos aquáticos e entrar na cadeia alimentar.
Impacto social e ambiental
A pesquisa também destaca a relação entre poluição e desigualdade social. Áreas sem infraestrutura de saneamento tendem a sofrer mais com o descarte inadequado de lixo e esgoto, o que agrava a contaminação dos cursos d’água. Além disso, a maioria dos rios brasileiros deságua no mar, o que significa que os resíduos plásticos acumulados nesses ambientes podem se espalhar e afetar ecossistemas marinhos distantes.
A poluição por microplásticos é uma ameaça crescente, e estudos como esse ressaltam a necessidade de políticas públicas voltadas à gestão de resíduos e à proteção dos recursos hídricos. Sem medidas efetivas, a contaminação desses rios pode comprometer ainda mais a biodiversidade e a qualidade de vida das populações locais.
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