O MUDE fecha a agenda de inaugurações de 2025 com um olhar sobre 16 anos de criação de Alexandre Farto, mais conhecido como Vhils. Entre as ruas e o atelier, são 73 as obras de edição limitada que ocupam o primeiro piso do museu. A curadoria é de Pedro Ferreira, designer industrial e membro da equipa do artista português, que reuniu num único espaço a diversidade de técnicas e temas que Vhils tem incorporado no seu trabalho desde 2008.

“Há uma dimensão experimental muito intensificada nestas edições limitadas, onde o Vhils vai experimentando técnicas, processos, vai derrubando fronteiras, vai questionando e procurando sempre novas soluções. Esse lado técnico e material, que tem uma dimensão sempre muito forte na sua estética, ganha muito relevo ao vermos aqui como é que essa experimentação foi feita – ao nível do papel, da pedra, do betão, da cerâmica também. E vai fazendo intersecções entre a arte contemporânea e o design gráfico, o que nos transporta para o território do MUDE”, começa por contextualizar Bárbara Coutinho, directora do MUDE.

Oxydra, Vhils, MUDE
DREscultura em cimento ‘Oxydra’, 2025

A relação com as indústrias e a plataforma dada a novos artistas pesaram também na escolha do artista para protagonista da última exposição do ano – ainda que Dezembro já tenha trazido também fotografias inéditas de António Variações. Pedro Ferreira adiciona uma outra camada ao corpo de trabalho agora exposto: o processo. “Todas as edições passam por este processo: pesquisa, investigação, encontramos uma nova forma de fazer, fazemos o protótipo, depois vemos como podemos reproduzir. O Alexandre cria a peça, falamos com os produtores, produzimos, desenhamos a embalagem, desenhamos a comunicação e depois a estratégia de lançamento. Ou seja, tudo isto é um processo muito, muito próximo da disciplina de design”, refere o curador.

A exposição não segue uma ordem cronológica, embora comece com o trabalho mais antigo do artista português – de 2008, precisamente – e termine com o mais recente, produzido já no presente ano. Pelo meio, viaja-se pela estética inconfundível de Vhils, por temas como a memória e a perda da identidade, mas sobretudo pela técnica, detalhada passo a passo num dos expositores, no caso das obras serigrafadas. Papel, tinta de caneta de aparo e lixívia são materiais frequentes. Os cartazes sobrepostos são depois escavados dando profundidade às obras originais, mas também revelando fragmentos de dias passados.

Vhils x Bordallo Pinheiro
DRVhils x Bordallo Pinheiro

De fora não ficam os objectos tridimensionais, expostos em duas vitrines. Há livros, mas também a peça editada com a Bordallo Pinheiro em 2019, ou a peça lançada com a Casa da Moeda em 2021. Das famosas empenas, há fotografias, vídeos e até fragmentos, incluindo um registo da mais efémera das obras produzidas por Vhils, um mural criado com recurso a pequenas cargas explosivas, segundos antes de todo o edifício implodir.

“Alexandre Farto Aka Vhils. Selected Editions. 2008-2024” ocupa o primeiro andar do museu e pode ser visitada até 1 de Março. No final, um olhar sobre algumas das obras editadas em colaboração com outros artistas. Entre eles está uma imagem do mural feito com Bordalo II, manipulada por ambos os artistas, a última obra de Manuel Cargaleiro e a edição limitada com Joana Vasconcelos, apresentada este mês.

Rua Augusta, 24 (Baixa). 21 817 1892. Ter-Qui, Dom 10.00-18.00, Sex-Sáb 10.00-20.00. Até 1 Mar. 11€

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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