Paris, 26 nov 2025 (Lusa) — A Justiça francesa pediu hoje a condenação da fabricante aeronáutica europeia Airbus e da companhia Air France, em julgamento de recurso por homicídio negligente no acidente aéreo Rio-Paris de 2009, após absolvidas em primeira instância.

“Solicitamos a anulação da sentença que absolveu os arguidos”, declararam os dois procuradores do Ministério Público francês nas alegações finais, classificando como indecente a estratégia de defesa das empresas durante o julgamento no Tribunal de Recurso de Paris.

A Airbus e a Air France, absolvidas no primeiro julgamento, a 17 de abril de 2023, no caso do desastre do voo AF447 Rio de Janeiro-Paris, em que morreram 228 pessoas, podem ser multadas no valor máximo de 225 mil euros, como pessoas coletivas.

Segundo o Ministério Público francês, ambas as empresas são culpadas por não terem prestado atenção à informação sobre falhas no aparelho e não terem fornecido explicações adequadas sobre as mesmas na sequência do acidente.

“Esta condenação trará vergonha e descrédito a estas duas empresas. É uma decisão que colocará o fator humano novamente no centro das nossas preocupações. Esta condenação deve, portanto, servir de alerta”, advertiu o procurador-geral Rodolphe Juy-Birmann, juntamente com a colega Agnès Labreuil.

Numa sala de tribunal cheia e particularmente silenciosa, as famílias das vítimas ouviram durante quase cinco horas as alegações finais da acusação, no final das quais Juy-Birmann se lhes dirigiu diretamente.

“Já passaram 16 anos desde a tragédia; é muito tempo, demasiado tempo. Ficámos impressionados ao saber-vos presentes todos os dias, tão perto de nós, o que dá sentido à nossa missão. Espero que a vossa luta termine quando o tribunal proferir a sua decisão, dentro de alguns uns meses”, afirmou o procurador, sublinhando a reputação dos pilotos, que “em nada são responsáveis por este acidente”.

Neste caso, o Ministério Público francês acusa o fabricante europeu de aeronaves de ter subestimado a gravidade das falhas nos sensores de velocidade do ar, cujo congelamento a grandes altitudes esteve na origem do acidente, e de não ter tomado todas as medidas necessárias para informar urgentemente as companhias aéreas cujos aparelhos estavam equipados com estes sensores.

A 01 de junho de 2009, o voo 447 da Air France, que ligava o Rio de Janeiro a Paris, despenhou-se no oceano Atlântico a meio da noite, poucas horas após a descolagem, o que resultou na morte dos 216 passageiros e 12 tripulantes.

A bordo do A330 de matrícula F-GZCP seguiam pessoas de 33 nacionalidades, entre as quais 72 franceses e 58 brasileiros.

ANC // EJ

Lusa/Fim

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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