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O Ministério dos Recursos Naturais e Meio Ambiente da Malásia anunciou a suspensão temporária das operações de mineração de terras raras e estanho em três minas localizadas no oeste do Estado de Perak, na costa oeste da península, após a contaminação de um trecho do Rio Perak, um dos mais longos do país (com cerca de 400 km de extensão), que adquiriu um tom de azul vibrante.
A medida foi tomada após investigações apontarem “possíveis descargas tóxicas” no rio, além de níveis de radiação acima do permitido. Segundo o ministro Johari Abdul Ghani, as autoridades responderam a uma denúncia pública e as investigações identificaram uma empresa, a MCRE Resources Sdn Bhd, que pode ter sido a responsável pelos rejeitos tóxicos que contaminam o rio.
A radiação medida no rio era de até 13 becquerels, a unidade de medida adotada para as medições, que corresponde a uma desintegração nuclear por segundo — um nível muito acima do limite imposto pela regulação, que é de apenas 1 becquerel.
Em resposta, o governo aplicou ordens de suspensão da atividade de mineração a três empresas que atuam na região: a mineradora de terras raras MCRE, e a Rahman Hydraulic Tin Sdn Bhd e Asiatic Mine, que exploram o estanho (metal prateado usado em ligas para solda e revestimentos protetores na fabricação de eletrônicos).
A Malásia tem aproximadamente 16 milhões de toneladas de terras raras em reservas estimadas, e o Estado de Perak, onde o evento ocorreu, possui reservas de 1,7 milhão de toneladas métricas de ETRs não radioativos (NR-REE). O estado tem investido em se estabelecer como polo global para a indústria.
A contaminação do rio, cujas amostras de água foram enviadas para análises químicas, pode ter vindo de despejos industriais, mas o diretor-geral do Departamento de Meio Ambiente da Malásia, Datuk Wan Abdul Latiff Wan Jaffar, afirmou que a coloração azul pode ter como causa, também, reações químicas em ramificações do sistema hídrico, com a morte de peixes nos arredores.
A MCRE Resources usa uma técnica conhecida como lixiviação in situ, considerada menos invasiva do que a mineração tradicional porque não exige escavação extensiva, mas a tecnologia pode oferecer riscos de contaminação caso os fluxos usados pelas soluções não sejam controlados de maneira adequada.
O ministério ressaltou que a mineração, especialmente de elementos sensíveis como terras raras, “deve ser realizada de forma responsável, sustentável e ética”, em conformidade com os princípios ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa), segundo a agência Malay Mail.
Na década de 1980, autoridades do Estado de Perak fecharam uma fábrica de terras raras após uma denúncia de contaminação por radiação na comunidade de Bukit Merah, que resultou em graves consequências de saúde para a população local ao longo de vários anos.
Os moradores do estado participaram de uma assembleia e de protestos, à época, para chamar a atenção para o manejo correto dos resíduos da mineração de ítrio de monazita pela Asia Rare Earth (ARE), que eram despejados em um local de descarte próximo à cidade. A monazita contém elementos radioativos, como tório e urânio.
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