Manaus/AM- A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado anunciou, nesta sexta-feira (26), que irá levar a organismos internacionais uma denúncia contra a Polícia Federal (PF) por uma operação que destruiu 270 embarcações utilizadas por garimpeiros ilegais. A ação, que utilizou explosivos, ocorreu próximo a áreas urbanizadas dos municípios de Humaitá e Manicoré, no Amazonas.
Em diligência realizada nos últimos dois dias, a presidente da CDH, senadora Damares Alves (Republicanos-DF), e o senador Plínio Valério (PSDB-AM), ouviram relatos de moradores sobre o pânico generalizado causado pelas explosões.
Os parlamentares colheram depoimentos que apontam para um grande abalo na rotina das cidades. Segundo os relatos, o barulho das explosões chegou a interromper uma celebração católica em homenagem à padroeira de uma das cidades, o que foi considerado um ferimento à liberdade de culto.
També, houve informações de que uma gestante teria precisado pular no rio para se proteger de destroços das embarcações.
“Encontramos um povo trabalhador e abalado. Crianças sem terapia, idosos sem documentos e até uma mulher grávida obrigada a pular no rio. A dignidade da cidade foi ofendida e vimos escolas atingidas por artefatos”, declarou Damares Alves. A senadora criticou a falta de estrutura das prefeituras para atender a saúde mental da população.
“Não vimos traficantes nem fuzis. O que vimos foram famílias pobres perdendo seu sustento. Muitas mulheres, agora em insegurança alimentar, dependiam do extrativismo mineral. Essa operação serviu mais para produzir imagens para ONGs internacionais do que para combater o crime organizado”, criticou Damares.
O senador Plínio Valério, autor do requerimento da diligência, alertou ainda para os impactos ambientais adicionais da operação, como o lançamento de óleo e metais pesados no rio com a explosão das balsas.
“O Amazonas não pode ser tratado como terra sem dono”, afirmou Valério.
Além da denúncia internacional, o colegiado anunciou que pretende propor mudanças no marco legal do extrativismo mineral, buscando alternativas científicas que substituam o uso do mercúrio e permitam a geração de renda de forma sustentável para as comunidades locais.
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