Puerto San Julián, em Santa Cruz, enfrenta uma série de desafios ambientais que se entrelaçam com sua identidade costeira. Desde a reciclagem de resíduos até a proteção da fauna marinha, cada ação conta na busca por um equilíbrio mais sustentável.

Uma das principais ferramentas de gestão é a planta de tratamento de resíduos recicláveis. Através dela, são separados e comercializados materiais como papelão, alumínio, papel e plásticos. Apesar das dificuldades do mercado, já foram concretizadas cinco vendas até o momento neste ano.

O sistema é complementado com pontos limpos distribuídos pela cidade e a colaboração de mais de 50 estabelecimentos que entregam seus resíduos recicláveis. Essas ações demonstram o compromisso comunitário com o meio ambiente, embora ainda persistam barreiras culturais.

Outra iniciativa destacada é a instalação de cinzeiros em espaços públicos. Embora seu uso não esteja completamente difundido, o programa promove a redução de resíduos altamente contaminantes como as bitucas de cigarro.

Puerto San Julián, em Santa Cruz. Foto: Trayectorias en Viaje.
Puerto San Julián, em Santa Cruz. Foto: Trayectorias en Viaje.

Baleias e contaminação: um vínculo invisível

Puerto San Julián faz parte de um corredor natural por onde migram as baleias entre a Antártida e as áreas de reprodução. Embora não sejam avistadas a partir do centro urbano, podem ser observadas a partir do Parque Marino Makenke, próximo dali.

Esse fenômeno torna a região um potencial destino ecoturístico. No entanto, a presença de resíduos nas costas e águas representa uma ameaça crescente para a fauna marinha.

As baleias, ao se alimentarem por filtração, podem ingerir microplásticos ou ficar presas em redes abandonadas e restos flutuantes. A contaminação costeira altera suas rotas e pode causar desde ferimentos até a morte por asfixia ou inanição.

Por isso, a redução de resíduos mal geridos não apenas melhora a higiene urbana, mas também protege espécies migratórias chave. A conservação marinha começa com ações concretas em terra firme.

Como os resíduos afetam as baleias

Os resíduos sólidos urbanos, especialmente os plásticos, são uma das principais ameaças para as baleias e outros cetáceos. Esses animais frequentemente confundem sacolas, embrulhos ou tampinhas com alimento, o que pode resultar em obstruções intestinais fatais.

As cordas e redes plásticas também representam um grande risco. Muitas baleias ficam enredadas, o que as impede de nadar livremente, respirar ou procurar alimento. Nesses casos, ferimentos graves podem levar a infecções e, em última instância, à morte.

Além disso, os microplásticos liberam contaminantes químicos que se acumulam na cadeia alimentar. As baleias, como grandes filtradoras, estão expostas a altos níveis dessas substâncias, afetando sua saúde reprodutiva e seu sistema imunológico.

A gestão adequada de resíduos costeiros não é apenas uma questão de limpeza: é uma ação vital para a preservação desses gigantes do oceano.

O porto San Julián decidiu realizar um desafio ambiental costeiro para cuidar das baleias e do planeta. Foto: Viajes y Lugares.
O porto San Julián decidiu realizar um desafio ambiental costeiro para cuidar das baleias e do planeta. Foto: Viajes y Lugares.

Um compromisso que deve crescer

O caso de Puerto San Julián mostra que, com vontade e organização, é possível avançar em políticas ambientais locais. No entanto, esses esforços devem ser acompanhados de educação, legislação firme e participação cidadã.

Iniciativas como a reciclagem ou os cinzeiros são importantes, mas também é crucial repensar a produção e o consumo para evitar que os resíduos cheguem ao ambiente natural.

As baleias e sua silenciosa travessia em frente às nossas costas lembram que o mar não está longe nem distante. Cada bituca, sacola ou garrafa mal descartada pode acabar afetando uma espécie que depende de nossa consciência coletiva para sobreviver.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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