No início do ano, uma descoberta chamou atenção ao revelar concentrações surpreendentemente altas de microplásticos no cérebro humano. Apesar de já terem sido encontrados nos pulmões, sistema reprodutivo e até na corrente sanguínea, acreditava-se que o cérebro estivesse mais protegido contra esse tipo de contaminação. Agora, um novo estudo publicado no Journal of the American Heart Association traz uma preocupação ainda maior: microplásticos presentes na brisa do mar, na água subterrânea e em peixes podem aumentar o risco de doenças graves.
Os microplásticos são partículas com menos de cinco milímetros, originadas da degradação de materiais como polietileno e polipropileno — comuns em roupas, embalagens, garrafas e pneus. Pesquisadores analisaram a presença dessas partículas em 152 áreas costeiras dos Estados Unidos e constataram que moradores das regiões com maiores níveis de contaminação apresentavam também índices mais altos de doenças cardiovasculares e metabólicas.
Problemas gerados pelo micro e nanopláticos
Estudos anteriores já apontavam que micro e nanoplásticos (partículas ainda menores, de até mil nanômetros) causam estresse oxidativo, danificando células e tecidos. No entanto, esta nova pesquisa é pioneira ao associar diretamente o risco de exposição em áreas costeiras contaminadas a um aumento concreto de doenças crônicas, como diabetes e problemas cardíacos.
Embora o estudo não tenha medido diretamente a concentração de microplásticos no organismo dos participantes, os resultados indicaram uma prevalência 18% maior de diabetes tipo 2, 7% maior de aterosclerose e 9% maior de acidentes vasculares cerebrais (AVCs) entre os moradores dessas regiões.
“Esse é um dos primeiros estudos em larga escala a sugerir que águas poluídas estão relacionadas a doenças crônicas. Microplásticos não se limitam a ser uma questão ambiental”, afirmou o cardiologista Sarju Ganatra, autor sênior da pesquisa e vice-diretor de pesquisa do Lahey Hospital & Medical Center, em Massachusetts (EUA).
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