O cinema brasileiro volta a marcar presença em um dos festivais mais atentos a novas vozes do cinema mundial. “Yellow Cake”, longa-metragem dirigido por Tiago Melo e estrelado por Rejane Faria, foi selecionado para a edição 2026 do International Film Festival Rotterdam (IFFR). Coproduzido e distribuído pela Olhar Filmes, o filme integra a Tiger Competition, seção central do festival holandês dedicada a obras autorais e propostas formais mais ousadas.
Realizado anualmente no fim de janeiro, o IFFR é hoje um dos cinco grandes festivais de cinema da Europa, ao lado de Cannes, Veneza, Berlim e Locarno. A seleção de “Yellow Cake” coloca o longa brasileiro na disputa direta pelo Tiger Award, principal prêmio do evento, além de dois prêmios especiais do júri.
Drama e fantasia a partir de um experimento que deu errado
Rodado no sertão da Paraíba, “Yellow Cake” mistura drama e elementos de fantasia para discutir ciência, exploração e consequências ambientais. A trama parte de um experimento conduzido por cientistas estrangeiros que tentam erradicar o mosquito Aedes Aegypti utilizando urânio. Quando o plano sai do controle, cabe a uma pesquisadora brasileira, com a ajuda de garimpeiros locais, tentar conter um desastre de proporções imprevisíveis.
Rejane Faria, conhecida por trabalhos como “Marte Um”, lidera o elenco em um papel que dialoga tanto com o realismo social quanto com a fabulação científica. O filme constrói sua tensão a partir do choque entre saberes locais, interesses externos e um território historicamente marcado por exploração.
Elenco reúne nomes do cinema brasileiro e internacional
Além de Rejane Faria, o elenco conta com Tânia Maria, Alli Willow, Valmir do Côco, Spencer Callahan e Severino Dadá, entre outros. A presença de atores brasileiros e estrangeiros reforça o caráter de coprodução da obra e amplia o alcance do debate proposto pelo filme.
Na Tiger Competition, “Yellow Cake” concorre ao Tiger Award, que oferece 40 mil euros a serem divididos entre direção e produção, além de dois prêmios do júri no valor de 10 mil euros cada. Mais do que a premiação, a participação coloca o filme em um circuito estratégico de exibição e discussão crítica.
Produção, parcerias e circulação internacional
“Yellow Cake” é uma produção da Urânio Filmes, em coprodução com Olhar Filmes, Lucinda Filmes, Jaraguá Produções e Cinemascópio. A distribuição é assinada pela Olhar Filmes. O projeto foi realizado com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual, Funcultura, Sic Recife e Lei Paulo Gustavo, além de contar com o apoio do Projeto Paradiso para sua estreia internacional no festival.
A seleção para o IFFR reforça o interesse crescente do circuito europeu por narrativas brasileiras que fogem do óbvio e exploram o cinema de gênero a partir de contextos locais, políticos e ambientais.
Ficha técnica completa de “Yellow Cake”
Elenco
Rejane Faria, Valmir do Côco, Tânia Maria, Spencer Callahan, Alli Willow, Henry Jackelen, Wolfgang Pannek, Rosa Malagueta, Galeguinho, Antônio dos Santos e Severino Dadá
Produção
Lucinda Filmes, Urânio Filmes, Jaraguá Produções
Coprodução
Cinemascópio, Olhar Filmes
Argumento
Jerônimo Lemos, Tiago Melo
Roteiro
Amanda Guimarães, Anna Carolina Francisco, Gabriel Domingues, Jerônimo Lemos, Tiago Melo
Produção executiva
Carol Ferreira, Luiz Barbosa
Montagem
André Sampaio
Direção de fotografia
Gustavo Pessoa
Fotografia adicional
Ivo Lopes Araújo
Som direto
Danilo Carvalho
Direção de arte
Ananias de Caldas, Avelino Los Reis
Casting
Gabriel Domingues
Direção assistente
Débora de Oliveira
Figurino
Mariana Braga, Gabriella Marra, Rodrigo Rosa
Caracterização e efeitos
Anita Tagliavini
Direção de produção
Vanessa Barbosa
Produção associada
Aly Muritiba, Bel Berlinck, Diego Medeiros, Mariana Braga
Supervisão de edição de som
Miriam Biderman
Desenho de som e mixagem
Ricardo Reis
Trilha sonora original
O Grivo
Colorização
Samanta do Amaral
Supervisão de efeitos visuais
Guilherme Ramalho
Por que ficar de olho
Com uma proposta que cruza cinema político, ficção científica e imaginação popular, “Yellow Cake” chega ao IFFR 2026 como um dos representantes mais curiosos do cinema brasileiro recente. A passagem por Roterdã deve ampliar o debate em torno do filme e pavimentar seu caminho por outros festivais e janelas de exibição.
