As vendas em bares e restaurantes registraram uma forte queda em setembro deste ano, na comparação com o mês anterior, em meio à preocupação generalizada entre os clientes com a contaminação de bebidas alcoólicas por metanol.
De acordo com dados divulgados na segunda-feira (20) pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), em parceria com a Stone, o recuo nas vendas do setor no mês passado foi de 4,9% em relação a agosto.
Já na comparação com o mesmo período do ano passado, a queda nas vendas foi de 3,9% em setembro, interrompendo uma sequência de três meses consecutivos de estabilidade.
Por estados
Segundo os dados do Índice Abrasel-Stone, relatório divulgado mensalmente, apenas dois de 24 estados monitorados pela pesquisa tiveram crescimento nas vendas em setembro deste ano: Maranhão (+2,6%) e Mato Grosso do Sul (+1%).
Entre os 22 estados do país com queda nas vendas no mês passado, os maiores recuos foram observados em Roraima (-11,5%), Pará (-9,9%), Rio de Janeiro e Santa Catarina (-7,6%), Paraíba e Sergipe (-7%) e Mato Grosso (6,9%).
Na sequência, aparecem Rio Grande do Sul (-6,5%), Rondônia (-5,8%), Ceará (-4,9%), Bahia (-4,2%), Alagoas e Tocantins (-4,1%), Pernambuco (-3,9%), Espírito Santo (-3%), São Paulo (-2,7%), Minas Gerais (-2,4%), Amazonas (-1,6%), Goiás e Paraná (-1,1%), Rio Grande do Norte (-1%) e Piauí (-0,4%).
Inflação também pesou
Segundo o economista Guilherme Freitas, pesquisador da Stone, a queda nas vendas em bares e restaurantes em setembro ocorre em um “ambiente mais desafiador para a alimentação fora do lar”. Segundo Freitas, além da crise do metanol, a inflação do setor de alimentação continua pesando no bolso do consumidor.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação acumulada da alimentação fora de casa foi de 8,24% no período de um ano encerrado em setembro – bem acima do percentual de 5,17% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país.
“Apesar de o mercado de trabalho seguir em bom nível, com baixa taxa de desemprego, o ritmo de geração de vagas formais perdeu força e o endividamento das famílias segue elevado. Esse quadro limita a renda disponível para consumo e afeta especialmente itens não essenciais, como refeições e bebidas fora de casa”, explica o economista.
Para Freitas, a contaminação de bebidas alcoólicas por metanol representou um “fator pontual de incerteza” que também inibiu grande parte dos consumidores.
“A leitura de setembro captura apenas parte do impacto. O diagnóstico mais completo deve aparecer nos dados de outubro, sobretudo em São Paulo, e especialmente nas primeiras semanas do mês, quando o tema teve maior repercussão e gerou cautela entre consumidores e estabelecimentos. No entanto, o impacto tende a ser pontual e de curta duração, já que a fiscalização e as medidas de controle rapidamente restabeleceram a confiança do público”, afirma Freitas.
Segundo o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, a crise do metanol “espalhou pânico entre os consumidores”. Outro fator que contribuiu para a queda nas vendas é o calendário – historicamente, setembro tende a ser um mês de estabilidade ou leve queda nas vendas por não ter datas comemorativas.
“Setembro já começou com um ritmo abaixo do esperado em comparação a agosto, mês em que se comemora o Dia dos Pais, data importante para o faturamento do setor”, explica Solmucci.
Fonte: Metrópoles