São Paulo, 21/11/2025 – Apesar da crise que se instalou no setor de bebidas em razão dos casos de contaminação por metanol, as vendas no setor de bares e restaurantes cresceram 1,6% em outubro. Os dados são do Índice Abrasel-Stone, divulgado mensalmente pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). No comparativo anual, o setor apresentou queda de 1,9% nas vendas.
No recorte por regiões, somente sete dos 24 estados pesquisados apresentaram crescimento no comparativo em 12 meses. A lista é integrada por: Paraíba (2,9%), Sergipe (2,7%), Rio Grande do Norte (1,9%), Goiás (1,8%), Piauí (1,5%), Tocantins (0,8%) e Espírito Santo (0,2%).
Em Permanbuco – com três mortes confirmadas – a queda foi mais acentuada, de 8,2%, enquanto no Paraná – que também registrou três óbitos por ingestão de metanol – as vendas recuaram 0,9%. No Mato Grosso, com a confirmação de uma morte, a queda foi de 2,8%.
A
preocupação inicial gerada pela
‘crise do metanol’ no início de outubro, segundo o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, fez os consumidores temporariamente migrarem para bebidas não destiladas, mas a confiança não se rompeu. “As pessoas continuaram frequentando os bares, reconhecendo o compromisso dos empresários com a segurança dos clientes, um aspecto reforçado pelo fato de que nenhuma garrafa contaminada por metanol foi identificada em estabelecimentos do setor”, afirma Solmucci em nota.
Superação gradual
Na avaliação de Guilherme Freitas, economista e pesquisador da Stone, o momento já reflete uma superação gradual de um
choque de confiança, mas o setor ainda enfrenta questões de fundo econômico. “Conforme esse temor se dissipou a partir da segunda quinzena, o volume de vendas reagiu, fechando o mês no azul. No entanto, essa retomada pontual não esconde o desafio estrutural, com queda de 1,9% na comparação anual, o setor ainda esbarra no bolso do consumidor”, pontua.
Freitas ressalta que o
endividamento das famílias atingiu níveis recordes e a
inflação da alimentação fora de casa segue acima de 8% em doze meses, cenário que tem restringido gastos não essenciais, apesar do
desemprego ter atingido o menor nível histórico em setembro.