Guenther Steiner assume o comando da Tech3: uma nova era no MotoGP? “A Dorna avisou-me: ‘Não estragues isto’”
Num movimento inovador que promete abalar os alicerces do MotoGP, Guenther Steiner, antigo chefe da Haas F1, entra oficialmente no mundo das duas rodas. A partir de 2026, assumirá a liderança da histórica equipa Tech3, que esteve sob o comando de Hervé Poncharal durante mais de três décadas. O acordo, avaliado em cerca de 20 milhões de euros, conta com o apoio do grupo de gestão Apex e de Richard Coleman, que assumirá o cargo de diretor de equipa.
Durante uma conferência de imprensa realizada no Grande Prémio da Catalunha, Steiner revelou os pormenores desta aquisição há muito aguardada, explicando que o processo estava em curso há mais de um ano. Contou mesmo uma troca reveladora com os responsáveis do MotoGP: “Quero agradecer ao Sr. Carmelo Ezpeleta e ao Sr. Carlos Ezpeleta por isto, porque essencialmente disseram-me: ‘se te deixarmos entrar, não estragues tudo.’ E é isso que tenho agora de garantir, que não cometemos erros.”
O compromisso de Steiner com este aviso é claro: “Tive de prometer ao Carmelo e ao Carlos que manteríamos o que existe, porque o MotoGP é um grande desporto. Milhões de pessoas assistem na televisão; temos de preservar esta bela história e elevar o MotoGP ao lugar que merece. Vamos fazer tudo para alcançar isso.”
Trazendo consigo uma vasta experiência em diferentes arenas do desporto motorizado, incluindo WRC, NASCAR e F1, Steiner contou como surgiu a ideia de liderar a Tech3: “Quando cheguei a Austin no ano passado, pensei que seria um projeto interessante. Comecei a explorar possibilidades e a falar com pessoas. Conheci o Hervé e, logo no primeiro encontro, houve uma ligação imediata.”
A química entre Steiner e Poncharal foi evidente: “O Hervé disse que tinha medo de mim, mas ele não tem medo de ninguém”, gracejou Steiner, sublinhando a franqueza das conversas. “Assegurei-lhe que a equipa permaneceria como está, preservando o seu legado. Para quê mudar algo que funciona?”
Steiner não chega com a intenção de revolucionar, mas sim de garantir uma transição tranquila: “Queremos aprender e queremos que o Hervé nos guie no próximo ano para aproveitar ao máximo a sua experiência. Não há muitos neste paddock com a profundidade de conhecimento do Hervé. Queremos mesmo testar a sua perícia. Ele não vai ficar aborrecido no próximo ano.”
Quanto à temporada de 2025, nada mudará: “Graças ao Hervé e à família Ezpeleta, tudo está preparado para o próximo ano. Acho que tivemos bastante sorte, mas sabemos que temos de trabalhar muito para manter as coisas como estão. Todos me perguntam o que planeio fazer de diferente; por agora, nada. Quero apenas aprender durante um ano. Depois veremos se queremos mudar algo.”
Desde julho, o MotoGP pertence oficialmente à Liberty Media, que também detém a F1. No entanto, Steiner rejeita qualquer ligação direta entre o seu projeto na Tech3 e a entrada da Liberty: “Sim, começámos isto antes da Liberty estar envolvida. Não dependia da Liberty ou não. Para nós, tratou-se sempre do potencial.”
Com esta mudança sísmica de liderança, o mundo do MotoGP espera ansiosamente para ver como Steiner irá conduzir a Tech3 no futuro. Cumprirá a promessa da sua visão ambiciosa ou cederá à pressão das altas expectativas? Só o tempo o dirá, quando os motores se fizerem ouvir no início de um novo e eletrizante capítulo no motociclismo.