A Unimed Belém informou, por meio de nota, ter instaurado uma “apuração assistencial completa para avaliar a condução do atendimento” prestado ao engenheiro paraense Flávio Acatauassu, de 63 anos, que denuncia ter sido vítima de um caso de contaminação por metanol após consumir uma dose de uísque supostamente adulterado. A medida, segundo a operadora, segue as diretrizes da Nota Técnica nº 360/2025 do Ministério da Saúde e da Nota Técnica nº 01/2025 da Sespa, que orientam como devem ser conduzidas suspeitas e investigações de possíveis contaminações por bebidas irregulares.

A operadora afirma que todas as informações registradas no prontuário estão sob análise da Diretoria de Recursos Próprios e dos núcleos responsáveis pela qualidade e segurança do paciente, que revisarão cada etapa do atendimento.

Em nota, a Unimed Belém explicou que os testes específicos para detecção de metanol só são solicitados quando o quadro clínico se enquadra nos critérios oficiais para caso suspeito, definidos pela Nota Técnica nº 01/2025 – DEVS/DVS/SESPA. A operadora afirmou que análises desse tipo são realizadas em laboratórios externos definidos pela Vigilância Sanitária e pelo Ministério da Saúde, com fluxo obrigatório pelo Lacen ou Ciatox.

A instituição reforçou orientações à população sobre o consumo seguro de bebidas e destacou que, segundo a Sespa, até 09/10/2025 não havia casos confirmados de intoxicação por metanol no Pará, embora o estado siga em vigilância intensificada.

Relembre o caso

O engenheiro Flávio Acatauassu relata ter comprado, há cerca de um mês, uma garrafa de uísque de um litro no Supermercado Mais Barato, na avenida Alcindo Cacela, em Belém, pelo valor de R$ 108,90. Após ingerir uma dose da bebida com gelo e ir dormir, acordou sentindo-se mal e, ao perceber o agravamento do quadro, procurou atendimento de emergência na Unimed Belém.

Flávio afirma ter alertado aos profissionais de saúde que suspeitava de intoxicação por metanol, mas diz que a unidade não solicitou exame específico. Segundo ele, foram coletadas amostras de sangue e urina, e administrados medicamentos apenas para alívio dos sintomas. Após receber os resultados, teria sido informado de que não havia alterações e foi orientado a retornar para casa, repousar e se hidratar.

Ainda debilitado e insatisfeito com o atendimento, o engenheiro buscou o Laboratório Paulo Azevedo, onde realizou por conta própria o exame para detecção de metanol. Setenta e duas horas depois, recebeu o laudo positivo, acompanhado de contraprova. “Estava envenenado por metanol”, afirmou. Com o resultado em mãos, Flávio procurou o supermercado para relatar a suspeita de adulteração. A empresa informou, inicialmente, confiar no fornecedor, mas que rastrearia o lote. Segundo o engenheiro, porém, semanas depois as garrafas do mesmo produto continuavam expostas, apenas com uma etiqueta informando a procedência.

Ele diz ter reunido um dossiê completo com nota fiscal, registro do estacionamento, protocolos de atendimento da Unimed, exames realizados e, sobretudo, uma garrafa lacrada do mesmo lote suspeito. Afirma também ter sido procurado por diversos órgãos de controle e fiscalização, aos quais se dispôs a entregar toda a documentação.

Respostas das autoridades

A reportagem solicitou informações e esclarecimentos à Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), à Polícia Civil, à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e à Unimed Belém. O órgão informou que, segundo seu último boletim epidemiológico disponível, datado de 9 de outubro de 2025, “não existiam casos confirmados de intoxicação por metanol no estado. Não há, até o momento, um levantamento mais recente”. A Sespa garantiu, no entanto, que a vigilância permanece intensificada.Também foram solicitadas informações para a Polícia Civil, que afirmou “que a Delegacia do Consumidor (Decon) não recebeu, até o momento, o registro formal da denúncia, mas, mesmo assim, intimou a vítima para prestar depoimento o mais breve possível”.

Já por meio de nota, a Anvisa detalhou que deve apurar as informações relacionadas ao caso. “Estamos checando se há informações específicas sobre o caso que vocês citam já que via de regra, a investigação, no âmbito sanitário, é local”, detalha.

Posição do supermercado

O Grupo Mais Barato informou ter tomado todas as medidas cabíveis após a denúncia e declarou estranhar que, mesmo após 30 dias, a garrafa consumida não tenha sido disponibilizada para análise técnica formal. Disse ter recolhido os produtos das prateleiras e acionado os protocolos de rastreamento junto ao fornecedor Diageo. A empresa afirmou estar colaborando com as autoridades e reforçou seu compromisso com transparência e segurança.

Veja a nota do Grupo Mais Barato na íntegra:

“O Grupo Mais Barato informa aos seus clientes, parceiros e à sociedade em geral que, diante das informações divulgadas pela imprensa sobre o whisky Red Label adquirido em uma de nossas lojas, todas as medidas cabíveis já foram tomadas. No entanto, causa-nos estranheza que, mesmo após 30 dias do consumo, a garrafa de whisky em questão não tenha sido disponibilizada para condução de análise técnica, a ser realizada pelas autoridades competentes e essencial para verificar a suposta contaminação. Ainda assim, os whiskies citados foram recolhidos de nossas prateleiras e estão à disposição dos órgãos competentes. Além disso, acionamos os protocolos de verificação e rastreamento junto ao fornecedor DIAGEO, reconhecido como uma das maiores indústrias de bebidas do mundo e fornecedor dos principais varejistas e distribuidores no estado do Pará. O Grupo Mais Barato permanece à disposição e colaborando para o esclarecimento completo do caso. Reafirmamos o compromisso com a transparência e a confiança de nossos consumidores”, comunicou.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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