A SpaceX confirmou que perdeu contato com um satélite da constelação Starlink após um evento inesperado em órbita. O equipamento sofreu uma queda súbita de cerca de 4 quilômetros de altitude e passou a girar de forma descontrolada, entrando em um processo de reentrada não planejada na atmosfera terrestre. O caso chamou atenção porque os dados iniciais indicam a formação de um pequeno campo de destroços, algo incomum para satélites projetados para falhar de maneira controlada.

Segundo a empresa, o satélite permanece “em grande parte intacto”, mas está tombando no espaço e deve se desintegrar completamente ao reentrar na atmosfera nas próximas semanas. O motivo exato da anomalia ainda é desconhecido — e é justamente essa incerteza que preocupa especialistas.

Uma queda repentina que não deveria acontecer

De acordo com a SpaceX, o satélite apresentou uma anomalia súbita, que levou à perda total de comunicação. Logo em seguida, sensores e sistemas de rastreamento detectaram a redução abrupta de altitude e a presença de fragmentos próximos ao objeto principal.

“A queda de altitude e os pequenos detritos sugerem que o satélite — ou parte dele — pode ter explodido em órbita”, afirmou a empresa em comunicado publicado na plataforma X. Embora o termo “explosão” não tenha sido usado oficialmente, os indícios apontam para um evento energético interno, algo diferente de um impacto externo.

Detritos detectados e hipótese de falha interna

A empresa LeoLabs, especializada no monitoramento de objetos em órbita terrestre, identificou dezenas de fragmentos nas proximidades do satélite após a anomalia. Em sua análise preliminar, a companhia descartou a possibilidade de colisão com lixo espacial ou outro satélite.

Segundo a LeoLabs, o evento foi provavelmente causado por uma fonte energética interna, como falha em baterias, tanques pressurizados ou componentes elétricos — um tipo de incidente que, embora raro, já foi observado em outros satélites ao longo da história da exploração espacial.

Nem todos concordam com os dados iniciais

Nem todos os especialistas, porém, estão convencidos de que houve de fato uma queda brusca de altitude. O astrofísico Jonathan McDowell, referência mundial no rastreamento de objetos em órbita, levantou a hipótese de que o dado inicial pode estar incorreto.

Segundo ele, medições orbitais preliminares podem conter erros, especialmente em situações caóticas como essa. “São necessárias observações de acompanhamento para determinar o que realmente aconteceu”, afirmou. Em outras palavras, ainda não está totalmente claro se o satélite caiu de altitude ou se houve uma falha nos dados de rastreamento.

Uma “morte” fora do roteiro

Atualmente, há mais de 9 mil satélites Starlink ativos em órbita. A SpaceX planeja expandir essa constelação para até 42 mil satélites, todos em órbita baixa da Terra. Cada unidade é projetada para operar por cinco a sete anos, antes de realizar uma reentrada controlada.

Na prática, um ou dois satélites Starlink retornam à Terra todos os dias, como parte do ciclo normal do sistema. O episódio recente, no entanto, não faz parte desse processo planejado.

“Ao sermos o maior operador de satélites do mundo, temos um compromisso profundo com a segurança espacial”, afirmou a SpaceX. A empresa informou que seus engenheiros já trabalham para identificar a causa do problema e que atualizações de software estão sendo implementadas para reduzir o risco de eventos semelhantes no futuro.

Um céu cada vez mais congestionado

O incidente ocorre em um momento delicado. Apenas uma semana antes, outro satélite Starlink passou perigosamente perto de um satélite chinês, evitando uma colisão por pouco. Esses encontros próximos tendem a se tornar mais frequentes à medida que a órbita baixa da Terra se torna cada vez mais congestionada.

Para evitar acidentes, os satélites da Starlink realizam, em média, cerca de 300 manobras de desvio por dia, segundo dados divulgados anteriormente pelo site Space.com. Cada nova unidade lançada aumenta a complexidade do monitoramento e a probabilidade de eventos inesperados.

Um alerta para o futuro da órbita terrestre

Embora não represente risco direto para pessoas no solo — já que o satélite deve se desintegrar completamente na atmosfera —, o caso funciona como um sinal de alerta. Falhas internas, detritos não planejados e perda de controle em satélites ativos ampliam o risco de colisões em cadeia, o temido efeito Kessler, que poderia tornar certas órbitas inutilizáveis.

O satélite que agora despenca em silêncio rumo à Terra é apenas um entre milhares. Mas seu comportamento anômalo mostra que, na corrida para conectar o planeta a partir do espaço, a segurança orbital se tornou um dos maiores desafios da era espacial moderna.

 

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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