Parecia cena de filme de ação, mas sem o costumeiro final feliz: ao se aproximar do aeroporto de Muan, na Coreia do Sul, um Boeing 737-800 da empresa Jeju Air tocou a pista sem utilizar os trens de pouso e foi deslizando de barriga até se chocar contra um muro. O acidente, ocorrido no domingo 29 de dezembro, resultou na morte de 179 passageiros e deixou o país asiático em choque. Apenas dois tripulantes sobreviveram. As investigações, ainda inconclusivas, sugerem que uma colisão com pássaros, segundos antes do pouso forçado, pode ter sido a causa da tragédia. Sabe-se que o controle de tráfego aéreo emitira um alerta sobre a presença de aves na região. O piloto chegou a informar à torre que abortaria o pouso e daria uma volta a mais antes de aterrissar. Contudo, não teve tempo para completar a manobra. O episódio desencadeou uma crise de confiança na empresa, que segue o modelo low cost e opera intensamente, com margens estreitas de lucro. A aeronave tinha feito treze viagens nas 48 horas anteriores à queda. Na segunda-feira 30, outra unidade da frota, que decolou de Seul rumo à Ilha de Jeju, enfrentou problemas no trem de pouso. Resultado: cerca de 68 000 passagens da companhia foram canceladas. Somente a análise das caixas-pretas, recuperadas intactas, deve revelar as circunstâncias exatas do revés, que já entrou para a história da Coreia do Sul por ter posto à prova o alto nível de segurança do país na aviação, reconhecido internacionalmente, agora em estado de choque.
Publicado em VEJA de 3 de janeiro de 2025, edição nº 2925