
Durante o dia, Kiev resiste. Pessoas passeiam pelas praças e arborizadas avenidas na capital ucraniana de 3 milhões de habitantes. Tomam café, frequentam bares e restaurantes, assistem a peças de teatro e vão aos cinemas. Os rostos estão mais cansados do que sorridentes, mas há movimento. Há vida.
À noite, o país muda. A Ucrânia se fecha. As luzes apagam mais cedo. Nas calçadas, os passos se aceleram. O silêncio é rompido pelo som das sirenes — e de explosões.
Entre 9 e 14 de setembro, Zero Hora esteve no país que luta para sobreviver desde 24 de fevereiro de 2022. Em um dos momentos mais delicados desde a invasão — em meio a negociações que podem incluir cedência de território ocupado pela Rússia, e no período em que a capital sofreu na carne seu mais intenso bombardeio — a reportagem percorreu o país de Oeste a Leste, até Kiev. Em seis dias entre a capital e Lviv, a segunda maior cidade do país, foi possível sentir o cotidiano da guerra.
É uma estranha ambivalência: um país em alerta, que vive entre explosões e espetáculos, entre o medo e a normalidade, mas que insiste, todos os dias, em não deixar a guerra vencer sua rotina.