ORLANDO – Por Fabiana Rocha – Uma grande notícia para os moradores das cidades americanas e canadenses do entorno do Lago de Michigan e também para a empresa de engenharia brasileira Liderroll, especializada em soluções específicas paras as mais variadas utilizações de tubos de qualquer diâmetro. Seja para oleodutos ou gasodutos para subir ou descer montanhas, construção, suportação de dutos ou lançá-los através de ambientes confinados ou túneis, como é o caso da substituição de um pouco mais de 7 quilômetros do oleoduto da linha 5, que corta submerso o Lago de Michigan. Depois de ser abalroado por uma âncora de navio, quase o oleoduto se rompeu em 2018, o que causaria um desastre ambiental de grandes proporções, prejudicando os moradores da região que se abastecem da água deste lago. Depois de uma disputa de anos, envolvendo moradores, ambientalistas, governos, políticos, justiça, a Enbridge, empresa canadense proprietária do oleoduto, e até indígenas, o Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA, outro envolvido na questão ambiental, deu a licença e a sua aprovação para a solução do problema: construir um túnel de pouco mais de sete quilômetros  a cerca de 30 metros sob o leito do lago para lançar o trecho do oleoduto, substituindo o que está submerso. E aí entra a empresa brasileira que tem a tecnologia patenteada nesses dois países para lançamento de dutos em túneis:  a Liderroll, que já iniciou conversações para que uma empresa americana de engenharia, use a sua tecnologia para o lançamento deste duto.

Por sua alta complexidade, o túnel tem 3,5 quilômetros em declive e depois mais 3,5 quilômetros em aclive, e apenas cinco metros de diâmetro e ainda com possibilidades de se lançar outras linhas. Inicialmente, o Corpo de Engenheiros planejava emitir uma decisão sobre a licença no início do próximo ano, mas acelerou o processo  em abril, depois que o presidente Donald Trump ordenou que as agências federais identificassem projetos de energia para licenciamento emergencial acelerado. Adam Telle (direita), secretário adjunto do Exército para obras civis, disse que  “A aprovação do pedido de alteração do trajeto do oleoduto Enbridge Line 5 é um grande sucesso e impulsionará a agenda do Presidente para a dominância energética dos Estados Unidos.”

Em maio, o Corpo de Engenheiros divulgou uma análise ambiental   que concluiu que a construção do túnel protegeria o oleoduto, mas que a obra poderia destruir zonas úmidas e sítios arqueológicos, prejudicar habitats de morcegos, perturbar a vida aquática, degradar a paisagem do lago e potencialmente desencadear uma explosão subaquática. Parecia o Ibama brasileiro. Por pouco um morcego não atrapalha a vida de milhões de pessoas que residem no entorno dos lagos e de centenas de empresas que dependem dos produtos petroquímicos que o oleoduto transporta, inclusive uma refinaria, que seria fechada.

Depois da concordância  do Exército,  a Enbridge, com sede em Calgary,  precisa apenas de uma licença do Departamento de Meio Ambiente, Grandes Lagos e Energia de Michigan para iniciar o projeto de mais de 500 milhões de dólares. Ambientalistas insistem em pedir ao Estado para negar a licença. São as famosas ONGs de esquerda, que dependem de verbas governamentais, apesar do nome que levam. Se alguém lembrou dessas organizações que atrapalharam durante anos a exploração no Brasil da Margem Equatorial, acertou.

Para lembrar, desde 1953 a Enbridge utiliza o oleoduto da Linha  5 para transportar petróleo bruto e líquidos de gás natural entre Superior, Wisconsin, e Sarnia, Ontário. Cerca de 6 quilômetros do oleoduto percorrem o fundo do Estreito de Mackinac, um canal que liga o Lago Michigan ao Lago Huron. As preocupações com a possibilidade de o segmento se romper e causar um vazamento catastrófico vêm aumentando desde 2017, quando funcionários da Enbridge revelaram que os engenheiros tinham conhecimento de falhas no revestimento do segmento havia três anos. Uma âncora de barco danificou a tubulação em 2018, intensificando ainda mais os temores. Os representantes da Enbridge afirmam que o trecho está estruturalmente íntegro. Mesmo assim, em 2018, chegaram a um acordo com o governo do então governador de Michigan, Rick Snyder(direita), que previa a construção de um túnel de proteção ao redor do trecho.

Ambientalistas e diversas tribos indígenas americanas se opuseram à proposta, considerando-a muito arriscada e exigindo que a Enbridge simplesmente encerre a construção do oleoduto. O projeto se envolveu em vários processos judiciais. A procuradora-geral de Michigan, Dana Nessel (esquerda), do Partido Democrata, entrou com uma ação judicial em 2019 buscando anular a servidão que permite à Enbridge operar o oleoduto no estreito. A governadora Gretchen Whitmer,  também do Partido Democrata, ordenou em 2020 que seus órgãos reguladores revogassem a servidão que permitia a operação do trecho do oleoduto no estreito. A Enbridge entrou com uma ação judicial federal naquele mesmo ano, buscando invalidar a ordem. Trump também se envolveu nessa disputa. Sua administração apresentou documentos em setembro argumentando que Whitmer(direita) interferiu na política externa dos EUA ao revogar as servidões.

O Petronoticias procurou no Brasil o Presidente da Liderroll, Paulo Fernandes, para saber o que achou da decisão do Corpo de Engenheiros do Exército de Michigan: “ Olha Fabiana, nós conhecemos este projeto há muitos anos, desde quando fomos pela primeira vez ao Canadá participar em Calgary,m cidade sede da Enbridge da feira espelho da Rio Pipeline. Isso foi em 2011. O Prêmio que nós recebemos da ASME, como a melhor tecnologia do setor de dutos, chamou a atenção da Enbridge que viu na construção de um túnel sob o lago de Michigan a solução certa para superar o problema que estavam enfrentando depois do incidente com a âncora do navio.

Recebemos algumas consultas, fizemos demonstrações para os engenheiros canadenses e americanos da companhia e mostramos a prática e a nossa experiência. Evidentemente os desafios em Michigan são diferentes, mas a nossa tecnologia é capaz de construir e lançar o oleoduto dentro do túnel. Estamos nos associando a uma empresa norte-americana que ficará responsável por fazer a obra usando a nossa expertise. Acho que agora as coisas passarão do projeto para a prática. E esta batalha, acredite, não é uma vitória da Liderroll apenas. Pessoalmente eu acredito que seja uma vitória da engenharia brasileira,  que credencia a Liderroll entre as melhores empresas de engenharia do país, apta a solucionar qualquer problema que envolva tubulações, construção, suportes e aconselhamentos de qualquer natureza no setor. “

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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