Por Germano Rigotto – Presidente do Instituto Reformar de Estudos Políticos e Tributários
Na sua visão, qual é o papel do transporte rodoviário no funcionamento e na competitividade dos principais setores produtivos do RS — como o agronegócio, a indústria, os serviços e o comércio?
O crescimento e desenvolvimento do Rio Grande do Sul passa, obrigatoriamente, por minorarmos os problemas de logística que nos tira competitividade.
Como no nosso modal de transporte a rodovia representa mais do que 70% de tudo que transportamos é muito importante o fortalecimento dos investimentos públicos e privados em nossas rodovias.
A simbiose entre empresas transportadoras fortes, motoristas qualificados e motivados, e estradas boas, representa a certeza de maior desenvolvimento.
Sempre é bom destacar que a necessidade de maiores investimentos na logística é maior no Estado por sua localização geográfica, já que estamos no extremo sul do país.
Como a integração logística influencia a capacidade do RS de manter ritmo, previsibilidade e escala produtiva — especialmente em períodos de alta demanda ou volatilidade econômica?
Se a dependência maior da rodovia exige maiores investimentos neste modal, não podemos esquecer as nossas hidrovias e ferrovias.
O que está acontecendo com o abandono e sucateamento das ferrovias no RS é um crime.
É a integração logística entre rodovia, ferrovia, hidrovia e porto que podem dar maiores ganhos de competitividade ao Estado.
Como o senhor avalia o atual estado da infraestrutura viária do RS? Onde estão os principais gargalos que mais impactam a indústria, o agro e o comércio? Quais investimentos o senhor considera prioritários para reduzir custos logísticos e aumentar a competitividade do Estado?
O desastre climático do ano passado agravou o que já era preocupante e exige, agora, que tenhamos muito mais investimentos (público e privado) nas nossas rodovias. Desassoreamento das hidrovias e recuperar, através de uma nova concessão e nova concessionária, nossa malha ferroviária.
Tudo isto só acontecerá se houver maior integração entre os programas federais e estaduais.
Qual é sua posição sobre o modelo de concessões no Rio Grande do Sul: contra ou a favor? Quais parâmetros são essenciais para garantir equilíbrio entre tarifas justas, qualidade das estradas e competitividade do setor produtivo gaúcho?
Sou totalmente favorável às concessões de rodovias. O Estado não tendo condições de realizar todos os investimentos necessários em infraestrutura não tem outro caminho fora da participação da iniciativa privada através das concessões.
Mas, como temos várias modelagens de concessões, levando em consideração: tarifa, comprometimento de investimentos e número de praças de pedágio (Free Flow), temos que cuidar na escolha desta modelagem.
Uma modelagem errada pode impactar o usuário da rodovia e tirar competitividade do Estado.
É sempre é bom lembrar o papel das agências reguladoras para fazer com que haja o cumprimento dos contratos. Um bom exemplo do não cumprimento é o que acontece com a concessão da nossa malha ferroviária, com pouca ação das agências reguladoras.
Quais oportunidades o senhor enxerga para que o RS avance em um transporte mais sustentável — seja por meio de biocombustíveis, eletrificação, novas tecnologias ou integração com ferrovias e hidrovias?
É importante avançarmos cada vez mais na busca de um transporte mais sustentável. Temos a vantagem de sermos grande produtores de biocombustíveis.
O importante fortalecermos os programas de substituição energética com mais financiamento e ações dos governos.
De que forma a digitalização pode elevar a eficiência logística do RS, reduzir custos e fortalecer a competitividade das empresas gaúchas?
Nossas empresas são exemplos para o Brasil na utilização de novas tecnologias. Já avançamos muito no rastreamento e no controle digital de frotas.
Um sistema mais inteligente de tráfego passa por ação das empresas, mas também dos governos. A IA é um novo desafio, mas também representa novas oportunidades na busca de maior eficiência logística.
O que essa mensagem representa para o senhor, considerando o papel vital do transporte para o cotidiano da população e para a força produtiva do RS?
O selo “Eu Apoio a Vida – Transporte é Tudo“ criado pelo SETCERGS representa um excelente movimento para conscientizar a sociedade sobre a impotência do setor.
Empresas de transporte de cargas, caminhões e caminheiros, mesmo movendo a economia, ainda não são devidamente reconhecidos como protagonistas centrais da vida e do desenvolvimento.
O selo “Eu Apoio a Vida – Transporte é tudo” procura mostrar uma grande verdade, que o Basil sem transporte de carga, para.
Como o senhor acredita que o RS pode construir uma agenda conjunta de desenvolvimento — fortalecendo a infraestrutura, melhorando a logística e impulsionando a prosperidade em todas as regiões?
A construção de uma agenda conjunta de desenvolvimento para o RS passa primeiro pela integração entre programas federais e estaduais voltados para infraestrutura e logística.
Mas antes de tudo o futuro do Estado passa por uma maior convergência entre o setor público (governos), setor produtivo e a sociedade.
A iniciativa do SETCERGS de buscar uma agenda comum unindo entidades representativas: do agro, da indústria, do comércio e do transporte, merece aplauso, e principalmente apoio.
