Na revitalização do acesso ao Desvio Rizzo, ocorrerá um transplante de um jerivá.

Uma das maiores dificuldades dos centros urbanos é a preservação do meio ambiente. Em Caxias do Sul, por exemplo, é rotineiro o questionamento da população sobre o corte de árvores em pontos conhecidos e de lazer, como aconteceu recentemente na Estação Férrea, no bairro São Pelegrino, que passa por um processo de revitalização.

Diante de situações como essa, uma alternativa pode ser o transplante de árvores. Mas a técnica, conforme Felipe Gonzatti, professor da Universidade de Caxias do Sul (UCS), responsável pelo Herbário da instituição de ensino, mestre e doutor em Botânica, é complexo e exige cuidados prévios.

O transplante pode ser feito em qualquer fase da vida das árvores. No entanto, quanto mais jovem, mais chances de sucesso. Isso porque, conforme o professor, com o passar do tempo o metabolismo das árvores vai ficando mais lento, as raízes maiores e mais rígidas, o que dificulta a produção de novas raízes no momento do transplante.

— Precisamos cortar uma parte das raízes, remover essa árvore do local com um torrão de terra porque ela precisa desse substrato, e quando ela chega no novo ambiente, esse sistema radicular precisa se refazer, se reconstruir. Então, quanto mais velha for a árvore, mais difícil haver essa reconstrução do sistema radicular — contextualiza Gonzatti.

O processo de um transplante de árvores, assim como o de um órgão para o ser humano, é complexo e podem ocorrer rejeições. Conforme o Gonzatti, podem ocorrer alguns problemas na transferência acontecem por exemplo pelo novo local ser um ambiente diferente, mudar a disponibilidade de água no solo, a árvore vai perder raízes. Ele alerta que, para espécies exóticas, o procedimento deve ser evitado.

Geralmente, conforme o professor da UCS, o transplante deve ser acompanhado de uma poda da parte aérea, reduzindo o número de galhos. Além disso, é preciso atenção, uma vez que a árvore pode sofrer ataques de fitopatógenos, fungos e bactérias. O procedimento, segundo ele, começa normalmente de quatro a cinco meses antes da transferência de um local para o outro.

— Se abre como se fosse uma pequena trincheira no entorno da árvore adulta e se corta as raízes. Essa trincheira tem que ser feita pelo menos a um metro, um metro e meio de distância do tronco. Se corta as raízes da árvore, e se preenche a trincheira com solo bastante rico em matéria orgânica e se rega bastante durante o período para estimular o crescimento e novas raízes. Tudo isso no ambiente original. Depois de quatro, cinco meses, aí se faz a remoção da árvore para o novo espaço. Vai com uma máquina, arranca a árvore com o torrão de terra e ela é transferida para a nova cova. Esse processo de abertura de trincheira, colocação do solo rico em matéria orgânica, vai estimular o crescimento e formação de novas raízes, principalmente na parte na parte mais superficial do sistema radicular da planta — detalha o professor sobre o processo.

Na revitalização do Rizzo

Em Caxias do Sul, a técnica de transplante de árvores é bastante utilizada pela prefeitura, conforme o biólogo Bruno Carlo Cerpa Aranda. Ele explica que, na obra de revitalização da Estação Férrea, não está previsto esse procedimento. Por lá, estão sendo retiradas árvores exóticas e invasoras, como pinus e ligustros, que serão substituídas por árvores nativas dentro do projeto paisagístico do local, mas não descarta a transplantes lá.

Já na revitalização do acesso ao Desvio Rizzo, de acordo com Aranda, ocorrerá na segunda-feira (11) um transplante de um jerivá, no cruzamento da Rua Cristiano Ramos de Oliveira com a Guerino Vetorazzi. Isso será necessário porque ela está no passeio público, que passou por modificações, e precisará ser levado para o canteiro central. O biólogo da prefeitura também alerta que algumas espécies, como as araucárias, que não aceitam o procedimento.

Ulisses Castro / Agencia RBS
Pinus foram retirados da Estação Férrea.

— Nesse processo do transplante fazemos uma poda das folhas mais velhas e maiores, uma redução de copa, depois se cava a cova do lugar de destino se prepara o solo, e o exemplar é removido, dependendo do exemplar com retroescavadeira, se é muito grande com auxílio de guindaste, é transloucado respeitando as características do exemplar — explica Aranda.

Segundo Reinaldo Toscan Neto, diretor do Escritório de Projetos da prefeitura de Caxias, são feitos diversos transplantes de xaxins no município. Além disso, na obra do Desvio Rizzo, ele explica que foram feitos procedimentos como esse próximo ao cemitério do bairro, com árvores de butiá.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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