Maputo, 26 Out (AIM) – A empresa francesa de petróleo e gás TotalEnergies anunciou sexta-feira o levantamento da declaração de força maior que impôs às suas operações na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, em Abril.
A empresa informou o governo moçambicano da sua decisão através de uma carta enviada ao presidente Daniel Chapo.
A TotalEnergies é a operadora da Área Um da Bacia do Rovuma. Suspendeu as suas atividades em abril de 2021, na sequência de um grande ataque de terroristas islâmicos contra a cidade de Palma.
Isto interrompeu todos os trabalhos do projecto Mozambique LNG, em desenvolvimento por um consórcio liderado pela TotalEnergies. O projecto envolve o bombeamento de gás natural dos reservatórios da Bacia do Rovuma para centrais terrestres na Península de Afungi, onde será liquefield. O gás natural liquefeito (GNL) será então enviado a bordo de navios criogénicos para os mercados de exportação.
A TotalEnergies e os seus parceiros afirmaram que não poderiam continuar a trabalhar sem garantias firmes de segurança.
Graças ao trabalho das forças de defesa e segurança moçambicanas e dos seus aliados ruandeses, a situação de segurança melhorou muito, com um forte cordão de segurança instalado em torno de Afungi.
Mas a segurança não é o único problema. Com o projeto paralisado há mais de quatro anos, a Total Energies e os seus parceiros depararam-se com custos adicionais inesperados.
De acordo com uma reportagem do Zitamar News Service, a decisão de suspender o caso de força maior só foi tomada depois de ter sido negociado um acordo entre o próprio Chapo e o CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanne, sobre quanto dos custos adicionais, causados pela paralisação, poderiam ser reclamados contra impostos futuros.
Em Agosto, foi noticiado que o governo estava a auditar uma conta de 4,5 mil milhões de dólares de custos adicionais incorridos desde que o caso de força maior foi declarado em Abril de 2021 – equivalente a mil milhões de dólares por ano de paralisação.
Apesar do caso de força maior, os trabalhos preliminares para reiniciar o projeto já estão em andamento há vários meses. Na quarta-feira, o ministro da Defesa, Cristovão Chume, reconheceu que existem agora 4.000 trabalhadores a operar na instalação do Mozambique LNG, na península de Afungi, enquanto a ExxonMobil está a preparar um acampamento para alojar 5.000 trabalhadores no seu projecto vizinho Rovuma LNG.
A Exxon Mobil tem estado à espera que a TotalEnergies levante o caso de força maior antes de tomar uma decisão final de investimento no projecto Rovuma LNG.
Chapo deve visitar os Estados Unidos na próxima semana. Está prevista uma visita a Washington e Houston e, sem dúvida, os projectos de gás estarão no topo da sua agenda.
A Decisão Final de Investimento no projecto Mozambique LNG foi tomada há anos, quando a empresa americana Anadarko ainda era a operadora.
A TotalEnergies estimou agora que o GNL de Moçambique iniciará a produção em 2029.
Antes disso, o único GNL exportado da Bacia do Rovuma provirá das duas plataformas flutuantes operadas pela empresa italiana de energia, ENI.
(MIRAR)
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