TotalEnergies Adia Novamente o Projecto de GNL Devido à Insegurança e Instabilidade no País • Diário EconómicoManifestções pós-eleitorais em Moçambique

A empresa multinacional francesa Energias Totais chegou a adiar o seu projecto de gás natural liquefeito (GNL) de 20 mil milhões de dólares em Moçambique – uma das mais promessas de África alegando preocupações com a segurança na província de Cabo Delgado e os recentes surtos de violência política no País.

De acordo com a informação publicada pelo Tempos Financeiros eida reproduzida pela Reuterso megaprojeto está suspenso desde 2021, quando uma insurgência islâmica atacou a região de Cabo Delgado, no Norte do País, matando dezenas de civis numa cidade perto do local de construção da companhia. Estes acontecimentos obrigaram a empresa a declarar força maior e a retirar o seu pessoal da zona.

Embora estivessem previstos retomar as atividades até ao final de 2024, o agravamento da violência na sequência das eleições presidenciais de 9 de Outubro levou a um novo adiamento do projeto e obrigou ao encerramento de várias empresas, deixando mais de 12 mil moçambicanos sem desemprego.

“A prioridade é restaurar a paz e a segurança em Cabo Delgado e o fim da ‘força maior’. É necessário o funcionamento dos serviços públicos e o regresso da vida normal para que o projeto possa ser retomado”, acrescentou a empresa francesa.

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Recentemente, a TotalEnergies fez saber que também está à espera de ver como o Presidente da República eleito, Daniel Chapo, vai lidar com uma política de crise violenta que já foi vítima de dezenas de mortes, bem como saber como o governante “vai trabalhar com os milhares de soldados ruandeses encarregados de proteção na província de Cabo Delgado.”

Manifestações pós-eleitorais em Moçambique

Moçambique “não quer reavaliar acordos” com a TotalEnergies e ExxonMobil

Entretanto, numa entrevista a ReutersChapo disse que Moçambique não pretende rever os termos contratuais com a TotalEnergies nem com a ExxonMobil, relativamente aos projectos de gás natural liquefeito (GNL) da bacia do Rovuma.

Chapo, que assumiu a carga após meses de protestos da oposição contra a sua vitória eleitoral, afirmou que Moçambique conta com os projectos de energia das duas petrolíferas e de outras empresas para revolucionar a economia moçambicana e colocar as finanças públicas, actualmente instáveis, numa base mais sólido.

“Na verdade, eles [TotalEnergies] a fazer investimentos, os contratos são novos, por isso, nestes casos, não há lugar para rever contratos, porque ainda nem entraram em vigor em termos de operação”, explicou o governante.

Atraso no Financiamento dos EUA

As questões relacionadas com o financiamento também estão por trás do atraso do reinício das atividades. No ano passado, o O Banco de Exportação-Importação (Exim) dos Estados Unidos da América (EUA) adiou a sua decisão de conceder apoio financeiro ao projeto.

O regresso oficial do Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, à Casa Branca, a 20 de Janeiro, fez “inevitavelmente” a substituição de todo o conselho de administração da agência americana de crédito à exportação.

No entanto, o CEO da TotalEnergias, Patrick Pouyanné, espera que a tendência pró-hidrocarbonetos da nova administração republicana facilite a validação da garantia do Exim Bank, visto tratar-se de um apoio essencial, tendo em conta que o banco de importação-exportação dos Países Baixos e outros também estão à espera de luz verde do seu homólogo americano antes de decidirem investir.

Daniel Chapo, Presidente da República

Moçambique tem três projectos de desenvolvimento planeados para a exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, definições entre as maiores do mundo, todas localizadas ao largo da costa da província de Cabo Delgado.

Dois desses projectos têm maior dimensão e prevêem canalizar o gás do fundo do mar para a terra, arrefecendo-o numa fábrica para depois o exportar por via marítima em estado líquido.

Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após o ataque armado a Palma, em Março de 2021, altura em que a energia francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura. O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).

Um terceiro projeto concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, diretamente no mar, que se organiza em Novembro de 2022.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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