A informação de que alunos e professores da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (Ufba), na Federação, bebiam água contaminada com fezes era de conhecimento da direção há, pelo menos, dois meses. Tudo começou quando alunos de uma disciplina decidiram analisar a água consumida na unidade em uma atividade prática. Assim que soube da contaminação, a professora Gemima Santos Arcanjo solicitou a interdição dos bebedouros, o que só foi feito nesta semana.
Qualidade da Água. No semestre passado, a água dos bebedouros da Politécnica foi testada no Laboratório de Físico-Químico (Análise de Água), o Labdea, por escolha dos estudantes. Os resultados de diferentes amostras indicaram contaminação por Coliformes totais e Escherichia coli no 4º e 7º andar da faculdade.
Segundo a professora Gemima Arcanjo, vice-coordenadora do Labdea e professora da disciplina, isso significa que a água consumida por estudantes e servidores foi contaminada por fezes de humanos ou animais. A docente explica que duas hipóteses mais prováveis indicam a origem da contaminação: o fato dos bebedouros estarem localizados próximos ao banheiro ou o reservatório de água da Politécnica estar contaminado.
O consumo de água com essas bactérias pode causar doenças gastrointestinais, com sintomas que incluem diarréia, vômitos e infecções mais graves. Por isso, Gemima solicitou à direção a imediata interdição dos bebedouros e kits para que o laboratório, que fica dentro da universidade, testasse novas amostras. Mas nada foi feito em dois meses, como percebeu a docente quando as aulas retornaram, após o Carnaval.
“Eu informei que era uma medida urgente identificar a fonte de contaminação. Pedi apoio da universidade para a compra de reagentes para que realizássemos mais análises. Fiz o orçamento e recebi o retorno de que a direção iria arcar com os custos”, explica Gemima Arcanjo.
Um pacote que permite a testagem de 20 amostras custa, em média, R$ 250. Dias depois, a professora foi informada que a universidade contrataria outro laboratório para fazer a testagem. Ou seja, os testes não seriam realizados pelo laboratório que exite dentro da própria Ufba.
“Eu entendo que existe uma burocracia para a compra desses materiais, e disse que poderia comprar, devido à urgência, e que depois eles poderiam reembolsar o laboratório. Quando entrei em contato novamente, soube que havia sido cortada, e que iriam buscar outro laboratório para a análise”, completa a professora.