Um cenário alarmante se espalha pelas águas do Rio Cristalino, em Santana do Araguaia, onde pescadores descobriram peixes com a carne se desfazendo – alguns ainda vivos, mas já em decomposição interna. Os moradores atribuem o fenômeno ao uso intensivo de agrotóxicos, especialmente o herbicida Roundup, da multinacional Bayer, utilizado nas vastas plantações de soja que margeiam o rio.
Crise ambiental e de saúde pública
O vereador Professor Jardel foi o primeiro a registrar imagens chocantes do fenômeno e alertar as autoridades. Amostras de água já foram coletadas pela Secretaria de Meio Ambiente do Pará, mas a população local afirma que os efeitos da contaminação já são visíveis há anos.
Não se trata de um caso isolado. Pescadores e agricultores de municípios como Paragominas, Ulianópolis e Dom Eliseu relatam problemas semelhantes: rios cercados por plantações de soja, pulverização aérea de defensivos agrícolas e aumento preocupante de doenças graves, incluindo diversos tipos de câncer.
Em Dom Eliseu, o manancial que abastece a cidade – o rio Água Suja – vive situação crítica. A estação de captação da Cosanpa está instalada às margens do curso d’água, cercado por plantações que recebem pesadas cargas de agrotóxicos. Moradores afirmam haver relação direta entre o uso desses produtos e o surgimento de doenças na população, mas denúncias esbarram no silêncio das autoridades locais.
Bayer e a crise do glisofato
A Bayer, fabricante do Roundup, enfrenta uma crise global relacionada ao glifosato, princípio ativo do herbicida. Desde a aquisição da Monsanto em 2018, a empresa já pagou mais de US$ 10 bilhões em indenizações nos EUA por ações judiciais relacionadas a casos de câncer. Em 2024, registrou prejuízo líquido de US$ 2,55 bilhões e anunciou demissões em massa.
Enquanto isso, no Brasil, o produto continua sendo amplamente utilizado. Os efeitos da contaminação já atingem toda a cadeia alimentar – dos peixes aos seres humanos. Cada peixe deformado no rio Cristalino representa um alerta sobre os riscos de um modelo agrícola que privilegia a produtividade em detrimento da saúde pública e do meio ambiente.
Especialistas alertam que a omissão diante desse cenário pode levar a danos irreversíveis aos ecossistemas amazônicos e à saúde das populações ribeirinhas. A situação exige ação imediata dos órgãos ambientais e maior controle sobre o uso de agrotóxicos na região.
Fonte/Créditos: Com informações do portal Ver-O-Fato