Uma equipe de astrônomos da Northwestern University, nos Estados Unidos, fez uma descoberta histórica ao capturar, pela primeira vez, a imagem detalhada de uma estrela prestes a explodir. A observação, feita com o Telescópio Espacial James Webb (JWST), revelou o “retrato final” de uma supergigante vermelha envolta em uma espessa camada de poeira, um tipo de estrela até então quase invisível aos telescópios tradicionais.

O estudo, que analisou a supernova SN2025pht, marca mais um avanço na astronomia e ajuda a resolver um mistério que há décadas intriga os cientistas: o paradeiro das chamadas “supergigantes vermelhas desaparecidas”.

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Uma estrela prestes a explodir

Os pesquisadores conseguiram identificar a estrela progenitora, a que deu origem à explosão, antes do colapso. É a primeira vez que o James Webb é usado com sucesso para isso. A análise combinou dados infravermelhos e imagens antigas do Telescópio Espacial Hubble, o que permitiu caracterizar o tipo de estrela e o ambiente ao seu redor com uma precisão inédita.

Graças à sensibilidade do James Webb em comprimentos de onda do infravermelho médio, os astrônomos conseguiram enxergar através da poeira que obscurecia a estrela. “A qualidade dos dados nos permitiu identificar exatamente que tipo de supergigante vermelha era essa e o ambiente em que ela vivia”, explicou um dos autores do estudo.

A supernova SN2025pht ocorreu na galáxia NGC 1637, a cerca de 40 milhões de anos-luz da Terra. Sua estrela progenitora era uma supergigante vermelha massiva, com brilho 100 mil vezes mais intenso que o do Sol, mas completamente disfarçada por uma densa cortina de poeira cósmica.

Esse manto espesso fez com que a estrela parecesse cem vezes mais fraca na luz visível do que realmente era. A equipe a descreveu como a “supergigante vermelha mais vermelha e mais poeirenta” já vista explodindo. A descoberta explica por que tantas estrelas desse tipo nunca haviam sido detectadas antes de se tornarem supernovas.

Poeira rica em carbono surpreende cientistas

Além da identificação inédita, os pesquisadores também encontraram uma surpresa na composição da poeira que envolvia a estrela. Diferente do padrão observado em outras supergigantes, cuja poeira é normalmente rica em silicatos (ou seja, em oxigênio), a de SN2025pht mostrou-se rica em carbono.

A explicação mais provável é que, nos últimos anos de vida, a estrela passou por fortes processos de convecção, que levaram carbono das camadas internas até a superfície. Isso alterou o tipo de poeira produzida e pode indicar que o comportamento das supergigantes vermelhas nos estágios finais é mais complexo do que se pensava.

Durante anos, os astrônomos se perguntaram por que havia menos progenitores de supernovas identificados do que os modelos teóricos previam. A descoberta de SN2025pht oferece uma resposta convincente: essas estrelas não estavam desaparecidas — apenas escondidas atrás da poeira.

Os dados do James Webb mostram que as supergigantes mais massivas tendem a ser também as mais poeirentas. Assim, telescópios que observam apenas luz visível não conseguiam enxergá-las. “Com o JWST, conseguimos atravessar essa barreira e ver as estrelas que estavam camufladas o tempo todo”, afirmou um dos pesquisadores.

Essa revelação fecha uma lacuna importante entre teoria e observação, confirmando que as supernovas de colapso de núcleo, explosões que encerram a vida das estrelas massivas, ocorrem exatamente como os modelos previam.

Implicações para o estudo das supernovas

O fato de SN2025pht parecer muito mais vermelha do que outras supergigantes já observadas sugere que explosões anteriores podem ter sido subestimadas em brilho. Sem os dados infravermelhos de alta qualidade do JWST, muitas dessas observações pareciam mais fracas do que realmente eram.

Agora, com o James Webb, os cientistas podem recalibrar medições e compreender melhor a luminosidade real das supernovas, o que impacta diretamente os cálculos sobre a energia liberada, a massa das estrelas e até a formação de elementos químicos pesados no universo.

Com essa descoberta, os astrônomos esperam mapear muitas outras supergigantes vermelhas e compreender melhor como as estrelas mais massivas vivem, morrem e influenciam o cosmos.

 


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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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