Os danos à economia são estimados entre 6 e 7 bilhões de dólares. Em 2004, o valor era de 1,5 a 2 bilhões de dólares. Aguardam-se avaliações detalhadas para a elaboração de um plano de recuperação. Vinte e dois dos 25 distritos administrativos e 416 fábricas foram afetados. Três bilhões de rupias foram alocados em subsídios; o aumento do limite de gastos públicos está sendo considerado para atender às necessidades.
Vatican News com Asianews
O ciclone Ditwah, que atingiu o Sri Lanka no final de novembro, é o desastre natural mais mortal desde o tsunami de 2004. Os mortos são 635, os desaparecidos quase 190. 10% da população do país foi afetada. O ciclone também destruiu infraestrutura crítica e plantações essenciais, como arroz e chá.
As perdas econômicas, de fato, são estimadas em aproximadamente US$ 6 a US$ 7 bilhões — mais do que o triplo dos danos causados pelo tsunami de 2004, um dos desastres naturais mais catastróficos da era moderna.
“O ciclone Ditwah atingiu regiões já fragilizadas por anos de dificuldades econômicas”, disse Azusa Kubota, Representante Residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Sri Lanka. A recuperação provavelmente será mais lenta e mais custosa em regiões onde “altas taxas de inundação e alta vulnerabilidade se sobrepõem”, acrescentou.
Já o Comissário Geral de Serviços Essenciais, Prabath Chandrakeerthi, nomeado na última semana, declarou à imprensa que essa é uma estimativa aproximada, aguardando uma avaliação do Banco Mundial para o desenvolvimento de um plano de recuperação econômica. “Os danos econômicos causados pelo tsunami de 2004 foram estimados em apenas US$ 1,5 a US$ 2 bilhões”, observou ele.
Indústria do vestuário
O Ministério do Desenvolvimento Industrial e Empreendedorismo informou que 416 fábricas de manufatura e exportação em todo o Sri Lanka foram afetadas pelo ciclone Ditwah. O ministério propôs o pagamento imediato de 25% do total dos danos às fábricas afetadas. Estão em curso esforços para coletar dados sobre os danos: os proprietários de fábricas são solicitados a relatar a extensão da destruição por meio de um número de emergência até 16 de dezembro.
O maior número de fábricas afetadas está, segundo relatos, nos distritos de Gampaha, Colombo, Puttalam, Trincomalee, Kegalle, Kurunegala, Matara, Kandy e Batticaloa. Uma notificação especial publicada no Diário Oficial afirma que 22 dos 25 distritos administrativos do Sri Lanka foram afetados pelo Ciclone Ditwah, ressaltando a magnitude do impacto. Os três distritos não afetados pelo desastre que atingiu a Ásia são Galle, Matara e Hambantota, na Província do Sul.
Danos às culturas de chá e arroz
A indústria do chá foi severamente impactada e pode levar meses para retornar à normalidade. As máquinas destruídas precisam ser enviadas para o exterior para reparos, e os danos às estradas podem afetar o fluxo de exportação, de acordo com um representante da Associação de Comerciantes de Chá de Colombo. Os prejuízos econômicos para a indústria do chá ainda não foram calculados.
O país normalmente produz 20 milhões de kg de chá em dezembro e de 200 a 250 milhões de kg anualmente, que são exportados para países como Iraque, Rússia e Turquia.
Milhares de produtores de arroz haviam acabado de plantar para a principal safra quando o ciclone atingiu a região. A ONU estima que 575 mil hectares de arrozais foram destruídos, de um total de cerca de 800 mil hectares em todo o país.
As enchentes destruíram canais de irrigação e encheram os campos de lodo e detritos, afirmou K.K.G. Thilakabandara, presidente da maior associação de produtores de arroz do Sri Lanka. “Os agricultores não têm recursos para replantar”, disse ele.
“As autoridades precisam agir rapidamente e liberar verbas para que as plantações possam ser replantadas. Caso contrário, não há esperança de que os agricultores recuperem suas plantações e suas finanças.”
Ajuda governamental
O ministério destinou 3 bilhões de rupias (mais de 8 milhões de euros) em subsídios não reembolsáveis para apoiar a reconstrução dessas indústrias, com medidas urgentes para liberar os fundos. Muitos industriais têm solicitado intervenções para restaurar a infraestrutura de água, eletricidade e rodovias, a fim de facilitar uma recuperação mais rápida.
O deputado da oposição e analista econômico Harsha de Silva disse ao Parlamento que o teto orçamentário estabelecido para 2026 pela Lei de Gestão das Finanças Públicas permite ajustes em circunstâncias extraordinárias. Ele acrescentou que o Parlamento pode considerar elevar o limite de despesas de capital de 13% do PIB para cerca de 14-14,5% para atender às necessidades urgentes.
Ele acrescentou também que o Tesouro tem mais de 1,2 trilhão de rupias (mais de 3 bilhões de euros) em liquidez disponível para uso imediato e que o saque planejado de 500 bilhões de rupias (mais de 1 bilhão de euros) em títulos do Tesouro em 2026 poderia ser adiado por um ano para priorizar os gastos com a recuperação. O governo, acrescentou de Silva, já dispõe de uma margem orçamentária significativa para auxiliar as comunidades afetadas pelo ciclone Ditwah, insistindo que não há “nenhuma desculpa” para atrasos nas operações de socorro e limpeza.
Ele também afirmou que o governo tem atualmente 30 bilhões de rúpias (cerca de 84 milhões de euros) alocados para despesas correntes e outros 20 bilhões de rúpias (56 milhões de euros) que podem ser realocados, totalizando 50 bilhões de rúpias que podem ser usados imediatamente para resposta ao desastre.
De acordo com o Centro de Gestão de Desastres (DMC), o número de mortos subiu para 607 nesta manhã, enquanto 214 pessoas ainda estão desaparecidas devido às condições climáticas adversas. Segundo o DMC, as condições climáticas adversas, que começaram em 16 de novembro, afetaram até o momento 2.082.195 pessoas de 586.464 famílias em todo o país. Além disso, o DMC informou que 4.164 casas foram destruídas, enquanto pelo menos 67.505 outras sofreram danos parciais.