A resposta para o desafio da contaminação do solo por metais pesados pode estar na própria natureza, mais precisamente, em plantas capazes de absorver esses metais diretamente do solo.

Conhecidas por sua rara habilidade de acumular substâncias como níquel, zinco, manganês e cobre em níveis extremamente elevados, essas espécies vegetais vêm despertando o interesse de cientistas brasileiros em busca de soluções sustentáveis para a recuperação de áreas degradadas.

Solução para contaminação pode estar em planta que se alimenta de metal

Essas espécies, chamadas hiperacumuladoras, têm sido estudadas por pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que percorrem regiões de mineração e herbários em todo o país.

O objetivo dos pesquisadores é identificar exemplares nativos com potencial para o uso na chamada agromineração, uma técnica que transforma as plantas em verdadeiras ferramentas de extração e limpeza de metais do solo.

Embora representem uma parcela mínima da flora mundial, estima-se que apenas 0,2% das plantas conhecidas tenham essa capacidade, as hiperacumuladoras demonstram uma eficiência notável.

Elas absorvem metais do solo e os transportam até suas partes aéreas, como caules e folhas, onde se concentram em níveis que chegam a superar mil vezes os valores encontrados em outras espécies.

Após o cultivo, essas plantas são colhidas, secas e incineradas. O metal é, então, extraído das cinzas.

Plantas precisam ser eficientes para descontaminar solo

Para que sejam eficazes na prática da agromineração, não basta que acumulem metais em grandes quantidades. Elas precisam também gerar biomassa suficiente para tornar o processo economicamente viável.

Por isso, espécies que combinam alta absorção, rápida translocação dos elementos e crescimento vigoroso são as mais cobiçadas. Em países como Indonésia e Malásia, espécies como a Pycnandra acuminata já são utilizadas comercialmente nesse processo.

No Brasil, os estudos estão apenas começando, mas o potencial é imenso. O país, que abriga a maior diversidade vegetal do mundo, possui também áreas com solos ultramáficos, ricos em magnésio e pobres em nutrientes essenciais, que favorecem o desenvolvimento dessas plantas especiais.

Além de ajudar a limpar solos contaminados por atividades industriais e mineradoras, as hiperacumuladoras podem gerar valor econômico ao permitir a recuperação de metais sem escavações.

É uma solução promissora que une preservação ambiental, inovação científica e economia circular.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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