Uma funcionária sobrevivente da explosão na fábrica de explosivos de Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, na última terça-feira (12), relembrou momentos de pânico e desespero durante o incidente que matou nove pessoas. Segundo ela, o prédio chegou a rachar no meio enquanto ela tentava seguir os procedimentos de segurança.

“O meu instinto é só sair correndo. Porque a gente é muito treinado para usar os equipamentos de segurança. Então, a primeira coisa que eu fiz foi pegar o capacete e o crachá. Quando a gente viu que o prédio rachou no meio, daí… Só saí correndo”, disse a mulher ao Balanço Geral.

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Corpo de Bombeiros e Polícia Científica encontraram 1 mil vestígios das vítimas no local da explosão – Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros

Após a explosão, a sobrevivente conta que ela e outros colaboradores se reuniram em outro lugar. “Depois do nosso encontro lá, onde tinha que estar o ponto de encontro de todos os setores, o cara falou: ‘Pode descer e trocar de roupa. Vocês estão dispensados’. Na hora que a gente desceu pro vestiário… Cadê? Cadê a Jéssica? Cadê a Camila?’”, disse ao se referir a duas das nove vítimas que morreram na explosão.

O incidente aconteceu minutos depois de uma rotina de oração entre os funcionários, que se reuniam diariamente antes de iniciar o trabalho. De acordo com a delegada responsável pelo caso, Géssica Andrade, as imagens de monitoramento mostram os trabalhadores reunidos em círculo momentos antes da explosão. Alguns, segundos depois, foram impactados pelos destroços, enquanto outros conseguiram escapar com ferimentos leves.

“Nós ouvimos três funcionários, que são os três sobreviventes da explosão. Os três são vistos na câmera de monitoramento, naquele minuto antes da explosão, junto com o resto da equipe, as nove vítimas. Antes de elas conseguirem chegar nesse local, elas são impactadas ainda pelos rejeitos da explosão”, disse a delegada.

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Local onde funcionários fizeram prece deu lugar a uma cratera gigante – Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros

Géssica ainda revelou que um dos sobreviventes só escapou da explosão porque esqueceu as luvas no vestiário: “O outro rapaz que conseguiu sobreviver, assim que ele termina a reunião, ele percebe que esqueceu uma luva. Então, ele sai até o vestiário para poder pegar essa luva. Assim que ele chega no vestiário há a explosão.”

Outro sobrevivente também descreveu a força da explosão e a sensação de deslocamento de ar. “Vindo embora, tive que parar o carro e chorar. A gente é forte até certo momento, mas no outro, você desaba. Porque você pensa que tem família, tem filho. Imagina mandar mensagem e não ter resposta”, lamentou.

As investigações

A Polícia Científica e o Corpo de Bombeiros encontraram cerca de 1 mil vestígios, que devem levar à identificação das nove vítimas da explosão na fábrica da Enaex Brasil. O material catalogado está sendo analisado em laboratórios do Estado, e os perfis do DNA dos familiares já estão estabelecidos no sistema.

Todos os vestígios coletados na área foram encaminhados à Polícia Científica, encarregada pela análise, que deve levar pelo menos mais dez dias. A área das buscas foi isolada enquanto a análise do material não chega a um resultado conclusivo, com os atestados de óbito.

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Explosão em fábrica de explosivos matou nove pessoas e feriu outras sete – Foto: Secretaria da Segurança Pública do Paraná

A próxima avaliação será feita pela Delegacia de Quatro Barras, onde está em andamento o inquérito do acidente. A delegada responsável pelo caso vai analisar se demanda a continuidade ou não das buscas.

“Todos os próximos passos serão feitos pela Polícia Judiciária e pela Delegacia de Quatro Barras, que solicitaram informações da empresa, Já foram ouvidas testemunhas sobre o dia a dia da empresa e tudo caminha para conclusão do inquérito nos próximos 30 dias, que podem ser prorrogados por mais 30 dias”, explicou o secretário da Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira.

A Polícia Científica fez a triagem dos vestígios encontrados no local e o material recolhido passa por análises de DNA, etapa fundamental para a identificação das possíveis vítimas.

Quem são as vítimas

Nove pessoas morreram na explosão da fábrica — seis homens e três mulheres. A empresa Enaex Brasil divulgou a lista com os nomes das vítimas da tragédia. Veja reportagem sobre cada vítima:

“É muito triste para gente, muito pesado isso. A equipe de RH está trabalhando na comunicação direta com os familiares”, disse Daniel Oliveira, diretor da empresa.

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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