O som das sirenes, a movimentação de viaturas e a presença de vítimas caídas pelo pátio central transformaram a rotina da Universidade Paulista (Unip), em Sorocaba, na manhã de terça-feira (16). O cenário, que chamou a atenção de alunos, funcionários e de quem passava pelo local, fazia parte de um simulado de desastre natural, realizado das 8h às 12h, em parceria com o Corpo de Bombeiros, dentro do Plano de Auxílio Mútuo (PAN) do município.

O exercício prático reproduziu os efeitos de uma forte chuva, com destelhamento de parte da estrutura da universidade e múltiplas vítimas atingidas. Para tornar o treinamento o mais próximo possível de uma situação real, o pátio central recebeu uma montagem detalhada, com telhas espalhadas, vítimas simuladas — incluindo um óbito fictício — e a classificação dos feridos por cores, conforme o método Start, protocolo internacional utilizado em ocorrências com grande número de vítimas.

Segundo o diretor do campus da Unip Sorocaba, Glaucio Celso Luz, o simulado oferece aos alunos uma experiência que vai além do conteúdo teórico. “Essa atividade de simulação realística proporciona uma vivência prática, em um ambiente controlado, dos procedimentos que nossos alunos de Medicina teriam de adotar em uma situação real. Mesmo sabendo que se trata de um cenário de treinamento, há uma mudança no comportamento das pessoas”, afirma.

Glaucio explica que o exercício foi estruturado como um acidente com múltiplas vítimas. “As vítimas são classificadas por cores, de acordo com os regulamentos, e isso ajuda os alunos a entender a prioridade de atendimento em situações extremas, quando não é possível socorrer todos ao mesmo tempo”, destaca.

Cenário realista

Por volta das 10h, a chegada das viaturas do Corpo de Bombeiros, com sirenes ligadas, marcou uma das fases mais impactantes do simulado. A ação envolveu alunos do curso de Medicina, professores, bombeiros e agentes da Defesa Civil de Sorocaba, promovendo uma experiência integrada de atendimento pré-hospitalar e hospitalar em um ambiente controlado, porém de alta complexidade.

Além do atendimento inicial no local do acidente simulado, a universidade montou uma estrutura de hospital de base em salas do campus. “Criamos um ambiente hospitalar simulado, no qual médicos e alunos dão continuidade ao atendimento das vítimas, exatamente como aconteceria após o resgate”, explica o diretor.

Hospital simulado e atendimento

Para o diretor do curso de Medicina da Unip, Valter Hongji, a atividade reflete a metodologia ativa adotada pela instituição. “Nossa metodologia é ativa. Os alunos são protagonistas, simulam casos, observam, estudam e, principalmente, praticam. Na Medicina, a prática é essencial, além de uma boa base teórica”, ressalta.

Segundo ele, o treinamento prepara os estudantes para lidar com situações de alta pressão. “É importante aprender como abordar as pessoas, como conversar com vítimas em pânico e como agir da maneira mais rápida possível em um momento de intensa atividade”, afirma.

Integração entre instituições

Hongji destaca ainda a importância da integração entre a universidade e órgãos externos. “Essas simulações feitas em conjunto com o Corpo de Bombeiros e outras instituições são muito úteis. Esse entrosamento faz com que tudo funcione melhor quando uma situação real acontece”, completa.

O Corpo de Bombeiros de Sorocaba participou do exercício dentro do simulado anual do Plano de Auxílio Mútuo (PAN), que reúne empresas e instituições da cidade para treinamentos integrados. O 1º tenente PM Herick de Oliveira Andrade, comandante das estações de bombeiros do município, explica que o cenário foi pensado a partir da realidade climática atual.

“Simulamos um desastre natural focado no período de fortes chuvas, com destelhamento da estrutura da universidade e um cenário de múltiplas vítimas. O foco é treinar as equipes e integrar todos no atendimento desse tipo de ocorrência”, detalha o oficial.

Além do treinamento técnico, a ação também teve caráter educativo. “O principal é ensinar a manter a calma em uma emergência, acionar o Corpo de Bombeiros pelo 193 e passar informações corretas, como o que aconteceu, quantas vítimas existem e o endereço”, orienta o tenente.

Do resgate ao atendimento hospitalar

Dentro do hospital simulado, os alunos passaram por treinamentos específicos de atendimento ao trauma. O cirurgião do trauma e do aparelho digestivo Thiago da Silva Cornélio ressalta que o exercício não termina no resgate. “A equipe médica precisa saber como conduzir o paciente depois que ele chega ao hospital. Não adianta apenas resgatar; é preciso saber o que fazer a partir daí”, afirma.

Durante a simulação, os estudantes foram treinados na avaliação inicial do politraumatizado. “Trabalhamos o cuidado com as vias aéreas, a intubação, a avaliação de fraturas cervicais e o controle de hemorragias. Essa é uma parte fundamental da formação médica”, explica Cornélio.

Formação médica

A líder do curso de Medicina, Ednilse Leme, reforça que o treinamento prepara alunos e equipes para situações imprevisíveis. “Desastres não podem ser previstos. Por isso, é fundamental que todos estejam muito bem treinados e preparados para que, no momento da emergência, tudo funcione de forma integrada, sem interrupções”, destaca.

O simulado foi encerrado ao meio-dia, após o cumprimento de todas as etapas previstas. Para os organizadores, além do forte impacto visual no campus, a atividade reforça a importância da prevenção, do planejamento e da capacitação contínua. (João Frizo)

 

 

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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