Na coluna desta semana, o professor Eduardo Rocha comenta sobre a semaglutida e seus análogos, que foram aprovados para ajudar no tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2 e passaram a ser usadas “fora da bula” (off label) para perda de peso e busca de padrões estéticos corporais. Por ser uma droga de ação sistêmica, de longo prazo a cada injeção, e por tempo indeterminado, os efeitos que acompanham o controle da glicemia e a perda de peso estão sendo melhor conhecidos recentemente.
Ao longo dos últimos anos, semaglutida e seus similares foram alguns dos remédios mais vendidos no mundo, seus efeitos despertaram grande atenção da comunidade médica e da população geral. O professor explica que a semaglutida age sobre os receptores de GLP-1 e que os olhos têm poucos receptores, limitados a camada de fibras nervosas na retina. Dessa forma, diversos estudos estão investigando as ações indiretas, ao produzir tantos efeitos sobre a perda de peso e sobre o metabolismo. Relatos de alterações oculares ocorreram, como neuropatia óptica e perda da visão, que chegou a 8 % nos diabéticos ou 7 % nos obesos, o que foi quatro vezes mais frequentes entre pacientes usando semaglutida do que em pacientes usando outros remédios. Por ser um estudo retrospectivo, não ideal para confirmar essa observação, o achado aumenta a preocupação e o interesse científico, mesmo sem uma conclusão definitiva abre embasamento para novas investigações. Em um outro estudo, observando quase 130 mil prescrições de agonistas de GLP-1, mais de 5.000 relatos de efeitos adversos oculares dos mais variados, desde alergia, catarata até problemas de retina, foram feitos ao longo de cinco anos, entre 2018 e 2023 nos EUA.
Em um estudo multicêntrico, publicado em janeiro de 2025, com o acompanhamento de dezenas de milhares de pacientes com análogos de GLP1 comparados a outras dezenas de milhares usando outra formas de tratamento para Diabetes tipo 2, entre 2017 e 2023, observou-se uma série de efeitos cardiovasculares, respiratórios e mentais benéficos em favor do análogo de GLP-1, como a semaglutida e seus similares. Em contrapartida, os efeitos negativos mais frequentes foram inflamatórios, gástricos, renais e articulares. Por alguma razão, esse que foi o maior estudo sobre riscos desses medicamentos, não trouxe nenhuma informação sobre a saúde ocular.
Fique de Olho
A coluna Fique de Olho, com o professor Eduardo Rocha, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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