Estudo conduzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com pesquisadores internacionais e publicado na revista “The Lancet Global Health“, revelou que cerca de 31% dos adultos em todo o mundo —o equivalente a aproximadamente 1,8 bilhão de pessoas— não atingiram os níveis mínimos recomendados de atividade física em 2022.
Segundo o levantamento, a taxa de inatividade física aumentou cinco pontos percentuais entre 2010 e 2022. Se essa tendência continuar, estima-se que 35% da população global estará sedentária até 2030, afastando o mundo da meta estabelecida pela OMS de reduzir em 15% o sedentarismo até o mesmo ano. A recomendação atual da entidade é de pelo menos 150 minutos semanais de atividade física moderada ou 75 minutos de atividade vigorosa para que uma pessoa não seja considerada sedentária.

Para a cardiologista Patrícia Alves de Oliveira, do Hospital Sírio-Libanês, a falta de movimento já representa uma ameaça silenciosa à saúde pública. “O sedentarismo já pode ser considerado uma epidemia moderna. Ele aumenta significativamente o risco de doenças cardiovasculares e de alguns tipos de câncer, como o de mama e o de cólon”, afirma.
No Brasil, os dados também são preocupantes. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 47% dos adultos brasileiros são sedentários. Entre os jovens, esse número salta para 84%. O país ocupa atualmente a quinta posição no ranking mundial de sedentarismo e lidera na América Latina.
Tecnologia e rotina acelerada contribuem para a inatividade
A cardiologista aponta que o uso excessivo de dispositivos eletrônicos tem contribuído para o aumento do tempo sentado, além de alterar padrões de sono, elevar a pressão arterial e favorecer o ganho de peso. “A tecnologia trouxe inúmeros avanços, mas também intensificou o sedentarismo. Muitas tarefas hoje são automatizadas ou realizadas por controle remoto, o que reduz drasticamente o movimento diário”, explica Patrícia.
Ela reforça que o sedentarismo, por si só, já é um fator de risco para doenças cardíacas, assim como a hipertensão e a obesidade. No entanto, segundo a especialista, não é necessário ser atleta para combater os efeitos da inatividade. “Pequenas mudanças de hábito, como subir escadas, caminhar curtas distâncias e reduzir o tempo sentado, já ajudam a quebrar o ciclo do sedentarismo”, conclui.
Dicas práticas para se movimentar mais no dia a dia
Adotar atitudes simples pode fazer diferença significativa na saúde cardiovascular e no bem-estar geral. Veja cinco sugestões práticas para incorporar mais movimento à rotina:
- Prefira escadas ao elevador: pequenas mudanças de hábito já contam como atividade física.
- Faça pausas ativas durante o trabalho: levante-se a cada hora para alongar ou caminhar por alguns minutos.
- Reduza o tempo de tela: estabeleça intervalos regulares para se levantar, alongar e evitar longos períodos em frente ao computador, celular ou televisão.
- Inclua movimento nas tarefas domésticas: caminhe enquanto fala ao telefone, leve o cachorro para passear ou dance enquanto arruma a casa.
- Troque o carro por caminhada ou bicicleta: em trajetos curtos, aproveite para se movimentar naturalmente.
Essas ações, embora simples, ajudam a melhorar a circulação, reduzir o estresse e fortalecer o sistema cardiovascular.
Recurso gratuito para pacientes cardíacos
Para quem busca orientação nutricional aliada ao cuidado com o coração, o Hospital Sírio-Libanês disponibiliza gratuitamente o Guia de Receitas para o Paciente Cardiológico. O material pode ser acessado diretamente no site da instituição e oferece sugestões equilibradas para quem deseja manter uma alimentação saudável e prevenir doenças cardiovasculares.